A noite caía preguiçosamente sobre Maputo, tingindo o céu de tons alaranjados e púrpura. Mel chegou a casa mais cedo do que o habitual. Não conseguia suportar mais o peso do dia — nem o peso do que sentia desde aquele reencontro inesperado com Alessandro. O rosto dele, o sorriso, o olhar... tudo ainda a assombrava.
Dário estava sentado no sofá, camisa branca impecável, copo de uísque na mão, o olhar fixo no televisor, onde um noticiário falava sobre a economia. Ao vê-la entrar, não esboçou um sorriso — apenas baixou o volume.
— Estavas onde? — perguntou, sem rodeios.
Mel largou a mala sobre a poltrona e tirou os sapatos com um suspiro. — Fui ao café do parque. Precisava de ar.
— Sozinha?
A pergunta, feita de forma tão casual, cortou o ar como uma lâmina. Mel parou por um segundo. Sabia que não podia mentir, mas também sabia que a verdade completa não seria aceita.
— Sim… fui dar uma volta. Precisava pensar.
Dário pousou o copo na mesa de centro com mais força do que o necessário. — Pe