A noite tinha finalmente trazido um pouco de silêncio. Depois de dias em meio a advogados, investigações, reuniões de crise e acusações injustas, o apartamento parecia um abrigo precário, mas ainda assim, um abrigo.Não conseguia me lembrar há quanto tempo exatamente tinha começado a passar os dias ali, só sabia que Matheus precisava de ajuda, que precisava de mim. Na empresa, não podíamos demonstrar qualquer tipo de sentimentalismo, porque eu ainda estava na mira, e minha inocência poderia ser facilmente invalidada.Estávamos sentados na varanda, com uma manta sobre as pernas, dividindo uma garrafa de vinho quase esquecida no fundo da adega do hotel. O som do mar se misturava ao vento leve, e pela primeira vez em dias, ele parecia respirar com um pouco menos de dificuldade.Mas havia algo nos olhos dele. Uma inquietação. Como se ele ainda carregasse um peso que não conseguia largar.— Você tá quieto — comentei, quebrando o silêncio com cuidado.— Eu tô cansado — ele respondeu, e depo
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