— Ele acha que tá ajudando — murmurou. — Mas tudo o que faz é me lembrar do quanto eu nunca fui suficiente pra ele.
Fui até ele, sentei ao seu lado e segurei sua mão.
— Talvez você precise de distância. Às vezes o que a gente chama de família também adoece a gente.
Matheus virou o rosto devagar e me encarou.
— Você acha que eu devia cortar laços com ele?
— Eu acho que você merece paz. E se ela não existe quando ele tá por perto... talvez seja um começo pensar sobre isso.
Ele não respondeu. Apenas apertou minha mão com força, e ali, naquele gesto silencioso, eu senti que ele estava ouvindo. Talvez pela primeira vez.
No elevador, o silêncio era diferente do anterior. Não havia tranquilidade. Só uma tensão latejante no ar.
— Desculpa — ele disse, finalmente. — Por te expor a isso. Por ele.
— Não é você quem tem que se desculpar.
Ele esfregou o rosto com as mãos, visivelmente esgotado, se desfazendo num tipo de cansaço que parecia arrastá-lo para baixo como areia movediça.
— Ele não enten