O retorno foi tenso. Matheus mal falou durante o voo. Seu corpo permanecia ao meu lado, mas a mente… estava longe. E eu sentia — em cada silêncio dele, em cada movimento brusco — que algo grande nos esperava.
Assim que chegamos à sede da empresa, fomos praticamente arrastados para a sala de reuniões do décimo andar. A luz fria do teto não ajudava com a sensação de claustrofobia, e o clima estava pesado, como se todos ali soubessem de algo que nós ainda não sabíamos por completo.
Henrique já estava sentado à cabeceira da mesa, com aquele sorriso falso colado no rosto. Outros dois diretores financeiros estavam ao lado dele, com pastas abertas e olhares tensos demais para um fim de tarde qualquer.
— Que bom que conseguiram voltar a tempo — Henrique disse, e sua voz escorria veneno disfarçado de cordialidade. — Precisamos esclarecer algumas... inconsistências nos relatórios das últimas semanas.
Matheus apertou minha mão sob a mesa antes de soltar devagar. Era como se dissesse fica calma.