Remédio Fatal
Quando meu marido me ameaçou com o divórcio pela centésima vez, pedindo que eu me sacrificasse pela minha irmã, eu não chorei, nem discuti. 
Apenas assinei meu nome no papel de divórcio, e entreguei, de bom grado, o homem que amei por dez anos — para ela.
Dias depois, minha irmã insultou uma das famílias mais poderosas de Santa Aurora durante um banquete.
E eu, como sempre, assumi a culpa no lugar dela.
Mais tarde, quando sugeriram que eu fosse a cobaia no experimento médico criado para salvá-la, também aceitei com um sorriso.
Meus pais disseram que eu finalmente tinha aprendido a ser uma boa filha.
Até mesmo meu marido, sempre tão frio, tocou meu rosto e disse com ternura:
— Não tenha medo, Clara. O experimento é seguro. Quando você sair, eu mesmo vou preparar um jantar pra você.
Mas ele não sabia…
Seguro ou não, ele jamais voltaria a me ver.
Eu já estava condenada — um câncer em estágio terminal.
E, em breve, eu morreria.