A cidade vibrava com os primeiros sinais da primavera, e Luana também florescia. Sua última matéria, sobre uma mostra de artistas independentes no bairro Cidade Baixa, havia sido elogiada por um blog cultural relevante e repercutia discretamente nas redes. Dias depois, surgiu uma proposta de estágio em uma revista impressa de cultura — uma oportunidade rara. Pela primeira vez, ela sentia que algo genuíno estava se abrindo, não por sorte, mas por mérito.
Compartilhou a notícia com Nicole, que sorriu e abraçou forte, mas havia algo naquele abraço: rápido demais, distante no tempo e no calor. Gean reagiu com um beijo distraído na testa, como quem cumpria um protocolo afetivo. Luana não quis ver — ou melhor, escolheu não ver. Preferiu focar no que podia controlar: sua carreira, suas palavras, o futuro que desenhava com esforço.Passara tempo demais em Caxias do Sul sendo pequena para o mundo que carregava por dentro. Em Porto Alegre, mesmo com seus tropeços e becos esc