As manhãs estavam ficando mais frias, e Luana começava a sentir o inverno se insinuar pelos cantos do apartamento. Ainda acordava cedo todos os dias, mesmo quando não tinha entrevistas. Fazia questão de manter uma rotina. Tomava café olhando o céu acinzentado pela janela, depois voltava ao quarto e organizava os currículos em pastas, como se assim pudesse controlar o tempo que escorria.
A cidade, antes promissora, agora parecia impassível. O entusiasmo que a trouxera começava a rachar diante da dureza da realidade. As entrevistas eram cada vez mais curtas. "Você tem experiência?" — era a pergunta que mais ouvia, e a que menos sabia responder. A falta de resposta ecoava nos corredores de empresas frias, com recepcionistas indiferentes e sorrisos automáticos.Rafael observava tudo com o mesmo olhar de sempre: o olhar de quem calcula riscos.— Já pensou em voltar? — perguntou uma noite, enquanto ela lavava a louça.Luana parou por um instante, as mão