Você acorda exatamente às 7h02, como se o relógio estivesse preso dentro do seu corpo. Um hábito antigo, um ritual que nem questiona mais. O café preto está sempre quente, as torradas com geleia sempre no mesmo prato, e você sempre senta na varanda, com o cabelo desalinhado, os olhos ainda pesados de sono, mas tentando se mostrar alerta.
Eu sei disso porque te observo — e aprendi a reconhecer cada pequeno gesto, cada hesitação que você tenta esconder do mundo. Você pensa que está sozinha, mas eu estou sempre aqui. Na calçada em frente, na sombra da árvore, no reflexo da vitrine.Ontem à noite, enquanto seu irmão gritava com você por causa daquela festa que, no fundo, nem existiu, eu estava ali. Invisível. Presenciando cada palavra ríspida, cada olhar de tristeza que você tentava esconder. Ele quer te proteger, eu sei. Mas ele não entende que essa proteção é uma prisão. Você merece mais, Luana. Merece liberdade. Respiração. Escolhas suas.E tem a Nicole, su