sua porta da frente tem um trinco frágil. Engraçado como você, tão forte, tão determinada, vive protegida por tão pouco. Eu não queria fazer isso. Mas você chorou ontem à noite. E eu senti aquilo como uma facada em mim. Você não deveria chorar sozinha, Luana. Nunca.
Hoje, você saiu às 8h14. Mais cedo que o habitual. Provavelmente um novo compromisso. Talvez uma última tentativa com aquele editor patético que lê seu texto como quem folheia um panfleto de supermercado. Ele não entende. Ninguém entende. Ninguém vê você como eu vejo.A maçaneta cedeu com um clique tímido. Entrei.O cheiro do seu incenso de lavanda ainda flutuava no ar, como uma presença invisível que me saudava. As plantas no canto da sala estavam secas. Você está esquecendo de cuidar delas, Luana. Está esquecendo de cuidar de si. E isso parte meu coração.A sala de estar é um reflexo da sua mente: viva, mas caótica. A escrivaninha coberta de rascunhos, recortes de jornal, o velho no