O sol da manhã entrava tímido pela janela do pequeno apartamento de Luana, tingindo as paredes de um tom dourado pálido. O dia seguinte à festa surpresa começava sereno, mas dentro dela, uma inquietação silenciosa se instalava como uma sombra que se recusava a se dissipar. Apesar dos sorrisos e dos abraços da noite anterior, algo parecia ter ficado suspenso no ar, uma tensão não dita entre ela, Nicole e Gean.

Sentada à mesa da cozinha, com uma xícara de café frio à frente, Luana tentava empurrar para o fundo da mente os pequenos silêncios desconfortáveis, as trocas de olhares que não se completavam e os sorrisos que não alcançavam os olhos. “Não pode ser nada”, repetia, buscando a normalidade nas pequenas tarefas do dia. Mas a semente da dúvida, ainda que tímida, começava a germinar.

Para se afastar desse turbilhão interno, decidiu mergulhar no trabalho. O convite para integrar a equipe da revista cultural independente parecia, até então, uma porta aber