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— Olá. — Cora despertou com uma voz suave, mas com um toque de masculinidade acentuada.
Era um homem. Cabelos escuros, olhos castanhos, e impecavelmente vestido. Segurava uma bandeja de comida e parecia ter a intenção de conversar. A cabeça de Cora doía, suas costas estavam moídas e o rosto, inchado de tanto chorar. — Acho que deveríamos ser apresentados formalmente. — Ele abriu o sorriso mais lindo que ela já havia visto. — Sou Joseph. Mas pode me chamar de José! É assim que meus amigos e familiares chamam. Ela tentou esboçar o melhor sorriso que tinha. Mas como conseguiria? Após toda aquela vergonha. Cora havia perdido um de seus bens mais valiosos naquela noite: a sua virgindade. Joseph era o filho mais velho dos Reis de Niveal, e era conhecido na corte por sua rebeldia. Era o homem que havia partido para ser um viajante, um lutador. Ele, por algum acaso do destino, havia retornado a Niveal para visitar e celebrar a conquista do irmão. Ele sabia que havia sido drogado, e acreditava que Cora também. E, já claro, imaginava que estava encarando sua futura esposa. Cora permaneceu quieta, incapaz de articular uma palavra tamanha a vergonha. Mas ele entendia; uma moça criada para sentir vergonha de si mesma não seria fácil de conquistar. — Você gosta de maçãs? — Ele a pegou e suavemente a encostou na mão dela. Cora analisou aquela grande maçã vermelha. — Quando terminar de comer, teremos de sair e enfrentar tudo lá fora. — Cora engoliu em seco. — Eu vou te proteger de agora em diante. Chamarei sua dama de companhia. — Ele soltou alguns vestidos sobre a cama e, por fim, saiu. Joseph era o tipo de homem inteligente que sabia o que toda Niveal já cochichava. Ele havia presenciado o surto do pai de Cora, mas não imaginava que ele pudesse encostar um dedo naquela pobre criatura. Ao se lembrar, ele conseguiu ver a satisfação no rosto de sua própria mãe (sua esposa), a felicidade em ver a moça ser acoitada e odiada pelo próprio pai. Joseph se recusava a acreditar na hipótese dela ser o monstro da história. Ao passar pela porta do conselho, ele pôde ouvir Max Stor, o Conselheiro, gritar pela honra de sua — agora — querida filha. — Isso é um desrespeito! Cora é uma moça muito bem prendada e inocente. Seu filho rebelde a manipulou! — Max berrava de seu lugar. A sala era composta por seis conselheiros, todos ouvidos semanalmente sobre assuntos do reino; eram juízes, mas a última palavra sempre era do rei. Entre eles, Max, seu futuro sogro e, agora, um homem imprudente que o irritava. Joseph deu uma tossida alta e forte o bastante para que todos o olhassem, ficando ainda mais intrigados. Ninguém mais o conhecia; não se sabia sobre suas riquezas, muito menos sobre suas influências. Apenas boatos. Que, por sinal, eram muito bons. — Com a permissão do rei, estarei colocando meus homens para trabalhar nisso, enquanto começamos os preparativos do casamento. — Joseph pôde ver a boca de Max cair. Seu irmão, Eliot, estava na sala. Não como conselheiro, pois só assumiria aquele lugar após o pai partir. Ele olhava tudo com desdém e extrema arrogância, achando a situação engraçada. Mas Joseph não deixava de ter uma certa inveja: ele tinha conseguido uma das garotas mais fascinantes de Niveal. — Você pretende se casar com a moça, Joseph? — Perguntou Carton, que administrava a parte das colheitas. Max se manteve quieto. — Sim. Sinto muito em proferir essas palavras em frente ao meu futuro sogro e à estimada noiva, mas tivemos uma noite que não poderia ter sido feita antes do casamento. O rei analisou a situação. Pensou em como seu filho havia se tornado um grande homem e seu coração, em meio àquele caos, sentiu-se orgulhoso. — Está aceita a sua proposta. — disse o rei. — Max, você deve começar a preparar o casamento. Max queria chutar o rei gorducho. Gostaria de soltar tudo na cara dele. Sua primogênita, bem-educada e muito querida, seria usada. Antes que ele pudesse falar algo, o rebelde, que ele tanto repudiava, se meteu. — Não será necessário, meu pai. — Ele disse com convicção. — Se Max aceitar a proposta, eu cuido das despesas do casamento e podemos entrar em acordo. — Você pretende se estabilizar aqui em nosso reino? — Disse Rogério, um dos anciãos mais antigos. — Não, meu senhor. — Joseph virou-se para ele e fez uma reverência. — Possuo casas, fazendas e grandes negócios em minha atual moradia. E, por fim, contra a sua vontade e sua obrigação como pai, Max acabou cedendo por sua filha.






