Mundo ficciónIniciar sesiónCora se sentou à mesa e sentiu o peso do julgamento de sua mãe, Cloe, e de sua irmã, Lia. A governanta, Analis, observava, e Cora sabia que ela desejava abraçá-la e oferecer um colo àquela pobre criatura que mal era tratada como filha.
Lia a olhou e se perguntou como aquela criança poderia ser tão sem graça, tão pálida e tão quieta. Como ela podia ser irmã de Helena? Uma moça tão amável, tão querida e tão superestimada. Max se sentou ao lado de Lia e beijou seu cabelo castanho, que terminava em cachos. — Está radiante, filha. — Ele mexeu em uma mecha do cabelo de Lia. — Como pode sua irmã ser tão sem graça? Max balançou a cabeça e se perguntou se Cora era realmente filha dele, logo afastando a ideia. Cloe ficou estressada logo pela manhã. Se aquela criatura tivesse ido comer na outra sala, como de costume, ela não seria obrigada a ouvir tais especulações. — Cora. — Cloe chegou por trás da filha, puxou uma mechinha do cabelo dela e sussurrou: — Vá comer na outra sala. Ninguém merece te ver logo pela manhã. Cora engoliu em seco e, gentilmente, retirou-se daquele lugar o mais rápido que pôde. Ela entendia que sua presença era uma repulsa para seus pais. Perguntava-se por que a odiavam tanto. Sem questionar, com uma lágrima escorrendo pelo rosto, ela se dirigiu ao quintal para sentir o cheiro do dia e chorar um pouquinho em paz. — Iremos comprar vestidos hoje. Devia dar alguns dos seus mais simples para sua irmã, Helena. — Disse Cloe, ajeitando-se para começar o dia. Helena deu de ombros. — Aquela pobre criatura pálida não devia ganhar nada de muito bom. Max se manteve ouvindo a conversa e até sentiu uma certa pena de Cora, mas não quis se pronunciar e começar uma guerra terrível. Apenas beijou sua filha e sua esposa e se retirou daquilo que ele chamava de casa. Ao caminhar pela cidade, ele pensou muito sobre tudo e se perguntou como Cloe poderia ser tão má com a própria filha. Embora Cora fosse um pouco estranha, ele pensava que Cloe agia assim apenas para protegê-la. Agora, parecia que a odiava. Ele tirou aquelas ideias toscas de sua cabeça e se concentrou no que precisava: conversar com os novos comerciantes e lhes passar os impostos que o rei cobraria. Cora ainda estava no quintal quando Mabel chegou, saltitante e feliz. Ela mostrou uma carta muito bem escrita. — Leia! É de uma pessoa especial. Ele escreveu para mim! Cora conseguiu limpar as lágrimas e sorrir. — Oh! Você e aquele garoto? — Mabel fez um beicinho de apaixonada. Cora pegou a carta gentilmente e a abriu. Querida Mabel. Fui obrigado a me alistar, mas logo estarei de volta. Serei o seu soldado. O seu homem e o seu cheiro. Vou lembrar de você todos os dias enquanto estiver vigiando a fronteira. Vou lembrar de como seu cabelo é macio e cheiroso. De como sua pele é igual pêssego e seu bumbum é tão grande quanto seus peitos. Volto a te escrever. Seu e de mais ninguém, George. Cora não pôde evitar o riso. Como Mabel achava aquilo romântico? — Você realmente está apaixonada para gostar disso! — Soltou uma gargalhada genuína e franca. — Oh! Você não entende o quanto! E, por fim, as duas riram como duas bobas. Cora se perguntou se algum dia, alguém a acharia tão linda e tão gentil a ponto de escrever cartas para ela.






