​— Olá. — Cora despertou com uma voz suave, mas com um toque de masculinidade acentuada.​Era um homem. Cabelos escuros, olhos castanhos, e impecavelmente vestido. Segurava uma bandeja de comida e parecia ter a intenção de conversar. A cabeça de Cora doía, suas costas estavam moídas e o rosto, inchado de tanto chorar.​— Acho que deveríamos ser apresentados formalmente. — Ele abriu o sorriso mais lindo que ela já havia visto. — Sou Joseph. Mas pode me chamar de José! É assim que meus amigos e familiares chamam.​Ela tentou esboçar o melhor sorriso que tinha. Mas como conseguiria? Após toda aquela vergonha. Cora havia perdido um de seus bens mais valiosos naquela noite: a sua virgindade.​Joseph era o filho mais velho dos Reis de Niveal, e era conhecido na corte por sua rebeldia. Era o homem que havia partido para ser um viajante, um lutador. Ele, por algum acaso do destino, havia retornado a Niveal para visitar e celebrar a conquista do irmão. Ele sabia que havia sido drogado, e acred

Talvez as coisas seriam mais fáceis, mais bonitas e mais carinhosas se eles tivessem se conhecido de outra maneira. Mas Joseph sabia que, em breve, Cora estaria grávida. E como ele contaria à sua pretendente, Anita, uma mulher resolvida e muito rica, que ele estava noivo de outra?​Joseph não sentia pena por Anita. Eles sequer se amavam; casariam-se por completo interesse. No entanto, sentia algo por Cora: talvez uma necessidade de protegê-la. Ela não deixava de ser uma garota bonita, mesmo vestida com trajes de segunda categoria, e ele ainda nem tinha ouvido sua voz.​Ele caminhou em direção ao quarto, onde sua criada ajudava Cora a pentear o cabelo. Joseph pôde ver de relance as costas nuas dela e não conseguiu evitar a lembrança da fatídica noite. Seus corpos estavam tão próximos, seus lábios juntos, e o cheiro dela era tão doce quanto seu rosto delicado. Ele ouvia os gemidos de prazer dela, tão agudos e, de alguma forma, tão sensuais.​Ele sentiu o corpo estremecer.​— Meu senhor.

Rainha Jennifer era astuta, conhecendo seus filhos muito bem. Joseph era culto e correto; Eliot, arrogante e sem empatia; Caio, quieto e distante; Marina só se preocupava com garotas; e Maria simplesmente os odiava. Ainda assim, ela amava seus filhos, mesmo que fossem rudes e sabichões.​Quando sua dama de companhia chegou ao quarto, relatando o que Joseph havia feito — ou melhor, que ele havia desonrado uma garota nobre —, a Rainha não acreditou. Até ver com os próprios olhos: uma doce garotinha, que parecia quase uma criança, ao lado de Joseph. Ela não pôde evitar sorrir e se perguntar se o filho tinha enlouquecido.​Eles entraram no harém, onde a Rainha costumava receber outras damas. Joseph pediu gentilmente que as damas se retirassem para um local mais privado, e pediu que Mabel não estivesse junto. Cora os seguiu calmamente. Joseph, tentando demonstrar alguma proteção, pegou a mão dela, o que a fez corar intensamente.​— Pois bem. — Eles entraram em uma sala. A Rainha se sentou,

Cora havia sido instalada no harém e, de brinde, já conheceu sua nova cunhada. Maria se aproximou gentil e cuidadosamente. Mabel parecia um cão de guarda ao lado de Cora, e a princesa sabia que era exatamente isso.​— Você deve ser a noiva de Joseph? — Maria ofereceu seu sorriso mais gentil. — Sou Maria! A irmã mais nova.​Cora sorriu, tentando ser cordial, mesmo estando tão confusa. Ela tinha uma vida fora daquele caos: desejos, sonhos e até uma paixão que sabia que provavelmente não veria tão cedo. Perguntava-se se Joseph entenderia isso.​— Cora...​Mabel se posicionou ao lado de Cora, rígida como um soldado pronto para atacar a princesa.​— Você deve estar assustada.​Maria ignorou completamente a "cão de guarda" e sentou-se ao lado de Cora. Ela cresceu sendo a segunda filha rebelde dos Reis e tinha muitos desejos, e nenhum deles era seguir o padrão: casar, ter filhos e, pior, viver como dona de casa.​Maria sentia-se diferente, não por ser mais nova ou por ter uma aparência menos

​Cora estava sentada com as outras moças que ali viviam. O harém era um lugar cheio de mulheres, onde todas viviam, dormiam e comiam. Metade delas eram amantes do Rei, algumas até tinham filhos dele, e o que acontecia com os filhos? Bem, sempre se tornavam ótimos soldados.​Mabel e Cora ouviam o canto de uma das filhas bastardas do Rei, uma voz doce e calma que lhes transmitia um certo aconchego, quando um guarda as chamou. Disse que o Príncipe Joseph chamava sua noiva aos seus aposentos. Mabel jamais deixaria a amiga enfrentar aquele "leão" sozinha e se prontificou a ir junto.​As duas não entendiam o que estava acontecendo. Joseph havia demorado mais que o normal, e Cora podia dizer que estava aflita. Mesmo com toda aquela confusão, sabendo que estava noiva e que seu destino estava traçado, seu coração não pôde deixar de sentir algo por Patrício. Como será que ele estava?​Aquele pensamento foi afastado ao chegarem no quarto do Príncipe. Cora gentilmente abriu a porta e viu Joseph d