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Vestido de cetim vermelho

Talvez as coisas seriam mais fáceis, mais bonitas e mais carinhosas se eles tivessem se conhecido de outra maneira. Mas Joseph sabia que, em breve, Cora estaria grávida. E como ele contaria à sua pretendente, Anita, uma mulher resolvida e muito rica, que ele estava noivo de outra?

​Joseph não sentia pena por Anita. Eles sequer se amavam; casariam-se por completo interesse. No entanto, sentia algo por Cora: talvez uma necessidade de protegê-la. Ela não deixava de ser uma garota bonita, mesmo vestida com trajes de segunda categoria, e ele ainda nem tinha ouvido sua voz.

​Ele caminhou em direção ao quarto, onde sua criada ajudava Cora a pentear o cabelo. Joseph pôde ver de relance as costas nuas dela e não conseguiu evitar a lembrança da fatídica noite. Seus corpos estavam tão próximos, seus lábios juntos, e o cheiro dela era tão doce quanto seu rosto delicado. Ele ouvia os gemidos de prazer dela, tão agudos e, de alguma forma, tão sensuais.

​Ele sentiu o corpo estremecer.

​— Meu senhor. — Joseph ouviu a voz de um de seus homens.

​Ele desviou a atenção de sua noiva. Joel era um dos seus homens mais confiáveis.

​— Seja rápido. — Ele disse, fechando devagar a porta do quarto e se encostando na janela próxima.

​— Sua noiva parece ser filha de Max Stor. Ele era General até alguns anos, virou conselheiro pela amizade do rei. Casou-se com Cloe por um trato feito com o pai dela. — Joel listou. — Ela tem dois irmãos, Helena e Henry, gêmeos, pelo que parece. É bem excluída pela família, dificilmente aparece em eventos sociais e, aparentemente, usa as roupas usadas da irmã mais nova. A criada é paga por pura dó do pai. Nada demais, senhor. Parece uma boa moça.

​Joseph parou para refletir que Cora não tinha nada a ver com aquela família torta. Os cabelos dela eram de uma cor que ninguém em Niveal possuía. Loiros, mas não tão claros. Ela se parecia com a família de Anita, até mesmo nas feições. Como isso seria possível?

​— Joel. — Ele chamou o guarda, que se prontificou. — Vamos investigar. Tem algo errado nessa história.

​Seu soldado acenou.

​No quarto, Cora e Mabel estavam em silêncio. Mabel havia ajudado a patroa a se banhar; ao ver que ela havia sangrado muito, ela detestou o príncipe, achando que ele não tinha sido nada gentil.

​Mabel, que acima de tudo conhecia sua amiga, sabia que Cora nunca teve coragem para nada e sempre foi gentil, mesmo com quem não merecia. Ela esperou, gentilmente, que Cora falasse algo.

​— Mabel. — Mabel sentiu um alívio ao ouvir a voz da melhor amiga.

​— Cora. — Ela a abraçou forte e pôde ouvir o choro da amiga. — Vai ficar tudo bem! Você tem que ser forte.

​Cora se perguntou o que era ser forte. Força, naquele momento, era algo que ela não sabia de onde viria.

​— Como? — Ela perguntou em meio a tantas e tantas lágrimas. — Estou arruinada! Eu sou impura. Serei expulsa de casa, Mabel! Meu pai jamais vai me aceitar. Nunca vou arrumar um marido.

​Mabel limpou o rosto da amiga e tentou encorajá-la, mesmo que a situação parecesse impossível. Nem ela sabia se o príncipe se casaria com a amiga.

​— Ora! A gente dá um jeito. Você tem aquelas economias, e eu tenho as minhas. Vamos pegar tudo e ir para outro reino. Tem um senhor que faz o preço baratinho, e podemos ficar em um alojamento. A gente trabalha! Como criadas. — Disse, incerta sobre o futuro, mas determinada.

​Cora sorriu. Pensou que, realmente, seria a única coisa a se fazer.

​— Bem. Não temos outra escolha, não é? — Ela se levantou e procurou seu vestido.

​Ao pegá-lo, percebeu que estava completamente rasgado e ensanguentado. Como ela havia sangrado tanto?

​— Senhora. Pegue este.

​Mabel entregou a Cora um lindo vestido de cetim vermelho, com rendas delicadas sobre os braços.

​— Não, Mabel! O príncipe que deixou aí. Como vou usar algo dos príncipes?

​Mabel revirou os olhos.

​— Você está brincando, não é? Vai sair nua? — Ela colocou o peso na perna e cruzou os braços. — Coraline! Você vai sair pelada para todo mundo ver? Aí sim, não teremos o que fazer.

​Cora deu uma risadinha. Ao pensar na possibilidade, sentiu vontade de chorar de novo.

​— Oras. — Mabel a puxou. — Coloque isto e sente para ajeitarmos o seu cabelo. Temos que sair daqui de fininho.

​As duas fizeram isso em segundos. Cora nunca havia usado algo tão belo. Mabel, pela primeira vez, arrumou o cabelo da patroa do jeito que ela realmente gostava: solto, com os cachos à vista. Prendeu as mechas da frente em uma linda trança, deixando um pequeno fio sobre a testa. Cora estava linda.

​— Vamos! Temos que fugir antes que seu pai esteja em casa. Helena deve estar com sua mãe na aula de pintura, e Henry com seu pai, lutando.

​— E se eles estiverem em casa?

​Mabel não queria ser bruta, mas foi obrigada a ser.

​— Eles não se importam com você, Cora. Ao parar de fazer tudo que fazem por sua culpa, eles não se importam. Vamos!

​Ao abrir a porta, elas deram de cara com o príncipe, parado bem na entrada. Joseph estava chocado com tudo que tinha ouvido. Ele não pôde evitar olhar para Cora e sentir um misto de emoções. Como ela parecia tão bela? Tão cheia de vida? Como tinha ficado tão linda naquele vestido.

​— Vocês não vão a lugar nenhum, moças.

​Cora e Mabel se entreolharam e pensaram que, agora sim, tudo estava acabado.

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