Rainha Jennifer era astuta, conhecendo seus filhos muito bem. Joseph era culto e correto; Eliot, arrogante e sem empatia; Caio, quieto e distante; Marina só se preocupava com garotas; e Maria simplesmente os odiava. Ainda assim, ela amava seus filhos, mesmo que fossem rudes e sabichões.

​Quando sua dama de companhia chegou ao quarto, relatando o que Joseph havia feito — ou melhor, que ele havia desonrado uma garota nobre —, a Rainha não acreditou. Até ver com os próprios olhos: uma doce garotinha, que parecia quase uma criança, ao lado de Joseph. Ela não pôde evitar sorrir e se perguntar se o filho tinha enlouquecido.

​Eles entraram no harém, onde a Rainha costumava receber outras damas. Joseph pediu gentilmente que as damas se retirassem para um local mais privado, e pediu que Mabel não estivesse junto. Cora os seguiu calmamente. Joseph, tentando demonstrar alguma proteção, pegou a mão dela, o que a fez corar intensamente.

​— Pois bem. — Eles entraram em uma sala. A Rainha se sentou, e os dois permaneceram parados à sua frente.

​— Vossa Majestade precisa arrumar um quarto para minha noiva.

​Jennifer, que havia pego uma taça de vinho e degustava-o lentamente, cuspiu o líquido, que, por pouco, não atingiu a pobre garota.

​— Noiva?

​A Rainha lançou um olhar avaliativo sobre Cora: tão sem graça, pálida e infantil. Ela não parecia nem falar. Jennifer engoliu as palavras que poderiam ofender a jovem.

​— Que tal levá-la ao harém para se limpar? Em seguida, conversaremos.

​Joseph anuiu e foi conduzir sua, agora, noiva. No corredor gigante, com muitas portas e janelas, ele a chamou, fazendo-a parar e encará-lo.

​— Cora. — Ele se ajoelhou e tirou um anel do bolso, rezando a todos os santos que já havia conhecido para que a joia servisse em sua futura esposa. — Você aceita se casar comigo?

​Cora engoliu em seco. Sua vontade era dizer não, mesmo ele sendo o homem mais lindo que ela já havia visto. Ela não o amava, mas não tinha outra opção.

​— Sim! — Ela disse, forçando um toque de felicidade em sua voz.

​Ele colocou o anel no dedo dela, que, para sua sorte, serviu perfeitamente. Joseph agradeceu aos céus e a levou timidamente até o harém, retornando à sala onde sua mãe estava. Ao chegar, pôde ver o pai sentado e Jennifer andando de um lado para o outro.

​— Como você fez isso? — A Rainha parecia estar à beira de um colapso.

​Ele deu de ombros.

​— Ela provavelmente já está grávida. — Ele disse, sem se importar com o nervosismo da mãe.

​— Você... você ejaculou dentro dela? — Jennifer parecia querer voar no pescoço do filho.

​O Rei deu uma risada, abafada pelo olhar ameaçador da esposa.

​— Sim. Sem contar que a pedi em casamento. — Joseph foi até a janela, de onde podia ver seu futuro sogro e futuro cunhado lutando. Ele percebeu que os dois eram péssimos.

​— Eu achei que você voltaria mais sensato, José! Vai casar com uma mulher que tem cara de criança?

​Ele deu de ombros novamente.

​— Eu sou sensato. Tenho minhas propriedades, meus homens, minhas terras e muito dinheiro. Só faltava uma mulher e um filho.

​A Rainha bufou e se jogou no sofá.

​— O que faremos, Antônio?

​O Rei tomou um gole demorado do vinho.

​— Daremos a nossa benção.

​Jennifer bateu o pé.

​— Você deve se casar aqui em Niveal.

​Joseph suspirou. Ele realmente pretendia se casar com Cora, mas tinha de resolver o problema com Anita e contar a verdade. Contudo, ele se preocupava com Cora. Não confiava em sua mãe para tomar conta dela. Ele acreditava que Cora não era tão pura, nem tão ingênua — e ele rezava por isso — e pensava que teria de achar um lugar para deixá-la segura.

​Mas ele não poderia levá-la junto. Seria ridículo para os dois.

​— Preciso voltar para minha propriedade. Deixei algumas questões pendentes.

​A Rainha deu uma risadinha fria. Era a vez dela de rir.

​— Quando você voltar, a garota estará morta. E será sua família mesmo que a matará.

​O que ele podia fazer?