O garçom observava Glauco, que, de olhos fechados, saboreava o arroz como se absorvesse uma lembrança distante. Sorriu discretamente e já se afastava quando Glauco abriu os olhos, saindo daquele êxtase repentino.
— Preciso falar com o chefe... a chefe, na verdade. Quem preparou este prato? Disse, ansioso.
— Posso pedir para o chefe vir até aqui, só um instante. Respondeu o garçom, solícito.
Glauco o seguiu com o olhar, o coração acelerado. Seus olhos procuravam alguém, como se esperassem encontrar a mesma presença que havia marcado sua vida, alguém que o tocara tão profundamente quanto aquele sabor havia tomado seus sentidos.
Poucos minutos depois, a porta da cozinha simples se abriu. Uma senhora de semblante bondoso surgiu, enxugando as mãos no avental.
— Pois não? Perguntou com um leve sorriso.
— Este risoto... foi a senhora quem preparou? Glauco perguntou, atento ao sotaque. — A senhora é italiana?
— Sim, sou italiana, mas vivo aqui há muitos anos. Houve algum problema com o jantar