Alice Giordano
Não era tão tarde quando chegamos ao apartamento de Julia. Ela me mostrou todos os cômodos e deixou claro que eu podia mexer em tudo - exceto no que estava dentro de seu quarto, o que era bastante óbvio. Ainda custava a acreditar no que estava acontecendo comigo. Nunca imaginei que um dia estaria em Londres, cursando Literatura, com a chance real de viver aqui - desde que conseguisse um emprego fixo. Esse era o meu objetivo agora. Jamais voltaria para a Polônia. E, sinceramente, acho que nem para Alessandria eu poderia voltar - tudo por causa do meu pai. Depois do que Sara me contou, passei a temê-lo ainda mais. Um homem capaz de matar uma família inteira e, além disso, vender a própria filha para um desconhecido, era capaz de qualquer coisa. Mais uma vez, minha consciência gritava, lembrando que minha tia ainda estava perto demais daquele homem. E isso me apavorava. Liguei para ela assim que me sentei na minha nova cama, deixando a mala para desfazer depois. Julia tinha saído para comprar alguma coisa que eu nem consegui entender o que era, e eu estava sozinha até que ela voltasse. Embora minha viagem não tivesse sido tão longa, eu me sentia exausta. Uma mistura de ansiedade e medo apertava meu peito, e eu esperava que ouvir a voz da minha tia trouxesse algum alívio. O telefone chamou três vezes antes de ela atender. Pelo tom da respiração, percebi o quanto estava preocupada - e como se aliviou ao ouvir minha voz. - Estava preocupada, menina. Minha amiga disse que você ainda não tinha chegado, e eu sei que o voo chegou no horário previsto - disse, com aquele tom típico de quem já estava imaginando o pior. Senti-me culpada por tê-la deixado tão preocupada, especialmente por não estar no endereço que havíamos combinado. - Desculpa, tia... mas eu não estou na casa da sua amiga - confessei, apreensiva com sua reação. - Antes que me dê uma bronca, quero que saiba que sou muito grata por tudo o que fez por mim. Juro que, no futuro, vou recompensá-la. Mas achei que ficar na casa da sua amiga facilitaria que Luca me encontrasse. Houve um silêncio do outro lado da linha, e meu coração disparou. Eu sabia que o fato de ela não saber exatamente onde eu estava a deixaria aflita. Mas eu tinha vinte anos. Sabia me cuidar. - Você é uma menina inteligente, Alice - respondeu ela, após suspirar fundo. - Seu pai surtou quando soube que você fugiu, mas eu não fui burra. Disse que você estava apaixonada e que escondeu até de mim o seu relacionamento com um francês. Consegui ouvir o sorriso em sua voz, e acabei sorrindo também. Minha tia era ótima em inventar histórias - quase tão boa quanto Julia. - Quem não gostou de saber disso foi Oton. Ele veio aqui exigir seu dinheiro de volta, como se você fosse um produto com entrega atrasada. Não consigo descrever o quanto essa informação me feriu. Odiava aquele homem tanto quanto odiava meu pai. Só de lembrar a maneira como ele me olhava, sentia não apenas raiva, mas um medo profundo. - Eu queria que os dois fossem... para o inferno - soltei, contida. Meus anos no convento ainda me impediam de dizer um palavrão de verdade. Não que eu fosse santa, mas fui criada na casa de Deus, e isso sempre ficaria comigo. - Só espero que nada aconteça à senhora. Nunca me perdoaria se algo a atingisse por minha causa. - Não se preocupe, querida. Luca pode ser o próprio demônio, mas morre de medo de ser deportado para a Itália. Se algo acontecer comigo, ele não terá para onde correr - afirmou com convicção. Eu me agarrava a essa esperança. Sabia que ele estava preso à Polônia e, se a polícia local o pegasse, seria preso na hora. Ainda assim, não confiava em sorte. Preferia me prevenir. - Pode ficar tranquila comigo. Vou ligar todos os dias. Estou num quarto confortável e pretendo procurar emprego logo. - Aquela ligação me deu ânimo. Estava menos assustada e mais determinada. - Amanhã vou até a Universidade de Londres para me apresentar. Depois disso, tudo vai melhorar. - Tenho certeza que sim, meu amor - disse ela, cheia de carinho. Tentei segurar o choro quando desliguei, mas foi em vão. Estar longe da única família que me restava doía. Mas eu sabia que era por um bom motivo. Lutaria com tudo o que tivesse para trazê-la para cá, quando eu estivesse firme, formada e segura. *** O dia de ontem foi muito bem aproveitado por mim e por Julia. Precisei confessar que não estava conseguindo acompanhar seu ritmo quando falava. Ela riu e explicou que costumava falar rápido quando ficava nervosa. A partir daí, conseguimos relaxar. Foi divertido conhecer um pouco de Londres através dela, que morava aqui há três anos com o irmão. Julia era brasileira e sempre sonhou em estudar fora do país. Me fez experimentar alguns doces típicos do Brasil e, sem dúvida, eu amei todos. Conversamos até tarde da noite. Ainda me parecia surreal ter feito uma amizade em apenas um dia, logo ao chegar em um novo país. Hoje, acordei cedo, rezei e pedi a Deus que nada desse errado na minha apresentação à universidade. Se algo desse errado, eu estaria perdida. Esperei por um ano inteiro até ter minha bolsa aprovada, e isso não foi fácil. Passei metade da minha vida em um convento e, após irmos para a Polônia, não frequentei uma das melhores escolas - tudo culpa do meu pai assassino. Quando recebi a confirmação, nem acreditava que ainda havia alguma chance. Mas Deus escreve certo por linhas tortas, e minhas preces, finalmente, foram ouvidas. Tive ainda a sorte de Julia estudar na mesma universidade. Iríamos juntas, o que era um alívio, já que eu não fazia ideia de como me locomover por essa cidade. Estava pronta para viver tudo aquilo que me foi negado por tanto tempo. Sou uma mulher de vinte anos que nunca viu o mundo. E os cinco anos em que vivi na Polônia foram como uma prisão. Luca não gostava que eu saísse. Me mantinha trancada como um general severo. E, sempre que eu tentava sair, era duramente punida. Talvez fosse pecado dizer que odiava meu pai - que Deus me perdoe -, mas essa era a verdade. Ele era uma das pessoas mais cruéis do mundo. Tirava vidas apenas por conta de um sobrenome e, como se isso não bastasse, me vendeu a um homem de sessenta anos por pura ambição. Enquanto penteava os cabelos diante do espelho, pensava no que poderia acontecer dali para frente. Nunca fui má. Nunca destratei ninguém da minha família, apesar de tudo que Luca me fez. Ainda assim, algo dentro de mim sentia medo. Medo de tudo... até do meu reflexo. - Já está pronta? - a voz de Julia me tirou dos pensamentos. Ela estava na porta, sorrindo. Eu realmente devia agradecer por ter encontrado alguém tão bem-humorada e acolhedora, não importava o horário. - Você está muito bonita. Quer dizer... você é bonita. Desculpa, ainda estou nervosa. Apesar de termos a mesma idade, éramos muito diferentes. Enquanto Julia era agitada e extrovertida, eu era mais reservada. Evitava falar de mim mesma. E, se contasse a ela toda a verdade sobre meu passado e minha família, talvez ela não estivesse tão contente em me ter por perto. - Estou pronta, sim. E obrigada - respondi. O último elogio que recebi não veio de alguém confiável, e nem me fez bem. Desde os quinze anos, percebi o quanto Oton estava interessado em mim. Era insano pensar que ele se sentia atraído por uma adolescente, e ainda pagou ao meu pai para se casar comigo. A lembrança ainda me deixava inquieta. Se ele realmente me quisesse, poderia tentar me encontrar e me levar de volta para a Polônia. - Vamos logo. Não quero te atrasar - disse, levantando-me. - Não se preocupe. Moramos perto da universidade, e os horários são bem flexíveis - respondeu com o mesmo sorriso de antes. Eu estava ansiosa para colocar os pés fora do apartamento e finalmente observar a cidade. Ontem, com toda a tensão da chegada, mal prestei atenção ao que havia fora do táxi. Assim que descemos e pisei na calçada, senti como se estivesse me transformando em outra pessoa. As ruas de Londres não se pareciam em nada com as da Polônia, e muito menos com Alessandria. O clima frio me envolveu, trazendo uma alegria silenciosa. As pessoas passavam apressadas, com as mãos enfiadas nos bolsos dos casacos e sobretudos. Os prédios altos eram lindos, e o trânsito dava movimento à paisagem. Foi nesse momento que caiu a ficha: eu realmente estava em Londres. E era maravilhoso demais. Ri feito boba. - Vamos, o táxi chegou - disse Julia, puxando-me para dentro do veículo. Por mim, teria ido a pé - mesmo sem saber a distância. Eu só queria aproveitar cada detalhe, mas sabia que seria pedir demais. Enquanto ela falava sobre mil assuntos, eu só conseguia olhar pela janela. Observava as pessoas nas calçadas, os carros seguindo seus caminhos e os belos prédios. As fotos que eu via no G****e não faziam jus à beleza real daquele lugar. Só os olhos podiam captar cada pequeno detalhe. Estávamos no inverno, o que me lembrava da Itália. Mesmo no convento, eu gostava do frio. Quando o inverno chegava, algumas irmãs abriam as portas e sentávamos em cadeiras de madeira do lado de fora, cobertas com mantas e segurando canecas de chocolate quente. A saudade bateu forte. As lágrimas se formaram nos olhos, mas segurei para que não caíssem. Eu não queria ser freira - não era o meu destino -, mas fiz amigos. Gostava das conversas com as irmãs. E, se meu pai não tivesse arruinado tudo, talvez eu ainda pudesse viver em Alessandria e visitá-las de tempos em tempos. Mas a escolha que fiz também não era ruim. Só me faltava o contato com quem eu amava. E meu maior desejo agora era deixar aquele passado sombrio onde ele pertencia: no passado. Quando o táxi estacionou, percebi o quão grande era o lugar. Estudantes andavam por todos os cantos do campus, e nada conseguia tirar o sorriso do meu rosto. - Está pronta para entrar? - perguntou Julia, notando o quanto eu estava encantada. - Se já ficou assim só com o lado de fora, vai surtar quando ver por dentro. Mas olha, já vou te avisando: os ingleses são muito charmosos. Quando veem uma mulher bonita como você, eles atacam mesmo. Só tome cuidado com aquele olhar sexy ou o sorriso irresistível. Isso pode acabar com a sua vida - disse, pensando em voz alta. - Falando assim, até parece que aconteceu com você - brinquei. Ela me lançou um olhar triste. - Aconteceu. Eu já fui burra o suficiente pra cair nisso.Alice GiordanoAinda não era tão tarde quando chegamos ao apartamento de Julia. Assim que cruzamos a porta, ela fez questão de me mostrar cada cômodo - a cozinha compacta, mas moderna, a sala com um sofá aconchegante e algumas plantas que davam vida ao ambiente, e o banheiro de azulejos claros. Ao final, apontou para o seu quarto e disse, com um sorriso leve, mas firme:- Pode se sentir em casa, mexa em tudo que precisar... menos aqui. - disse, referindo-se ao próprio quarto.Era compreensível. Um limite que eu respeitaria sem questionar.Enquanto caminhava pelo apartamento, ainda tentava acreditar que tudo aquilo estava mesmo acontecendo comigo. Londres. Eu, em Londres. Nunca imaginei que estaria nessa cidade, prestes a cursar Literatura, com a possibilidade real de construir uma vida aqui - desde que conseguisse um emprego fixo. Era esse o caminho que eu precisava seguir.Voltar para a Polônia? Nunca mais. E muito menos para Alessandria. Meu pai havia tirado de mim qualquer chance d
O dia de ontem foi surpreendentemente leve e bem aproveitado ao lado de Julia. Confessei a ela, entre risos e alguma vergonha, que não estava conseguindo acompanhar seu ritmo acelerado de fala. Ela sorriu e explicou que falava assim quando ficava nervosa - o que de certa forma nos ajudou a relaxar e quebrar o gelo logo de início.Foi divertido descobrir um pouco de Londres por seus olhos. Ela vivia ali há três anos, com o irmão, e conhecia bem cada esquina. Julia era brasileira e sempre sonhou em estudar fora do país. Falava disso com brilho nos olhos. Com entusiasmo, me apresentou alguns doces típicos do Brasil que tinha guardados na despensa - brigadeiro, paçoca, e um doce de leite macio que quase me fez chorar de alegria. Amei todos, sem exceção.Conversamos até tarde da noite. Era curioso e um pouco assustador pensar que, em apenas um dia, eu havia feito uma amizade tão verdadeira num país totalmente novo. Era como se alguma força estivesse me guiando ao encontro de pessoas certas
Giovanni ManciniUm mês antesEu nunca pedi para estar aqui - respirando, vivendo, assumindo o papel de empresário atrás de uma mesa elegante, rodeado por funcionários que esperam ordens. A verdade é que, se eu pudesse escolher, estaria sete metros debaixo da terra, enterrado ao lado de Polina e do nosso filho. Mas meu padrinho me salvou. Infelizmente.Passei três meses em uma cama, desejando do fundo da alma que a morte me levasse. Cada batida do meu coração era um lembrete cruel de que ainda estava vivo. Mas algo maior me puxou de volta - uma força mais intensa do que a dor: a raiva.Demorei para aceitar que não morreria, mesmo que esse fosse o único desejo que restava em mim. E, como não tive coragem de tirar a própria vida, fui forçado a continuar com o que me restava: lembranças, cicatrizes... e ódio.Os últimos anos foram os maiores professores. Me ensinaram lições que eu gostaria de ter aprendido antes de perder tudo o que realmente importava. Quando o destino está traçado, nad
Alice GiordanoA ansiedade corroía cada parte de mim no meu primeiro dia de aula. Nunca imaginei que um dia estaria feliz por esse motivo - entrar em uma das faculdades mais renomadas de Londres era algo que sequer ousava sonhar anos atrás.Apesar de não vivermos mais no século dezenove ou vinte, meu pai sempre agiu como se ainda estivéssemos naquela época. Falava constantemente sobre arranjar um casamento para mim, como se fôssemos uma família antiquada, onde as mulheres eram obrigadas a aceitar maridos escolhidos pelo patriarca.Odiava quando ele tocava nesse assunto. Durante muito tempo, acreditei que, com os anos, ele mudaria de ideia. Que talvez me amasse o suficiente para me deixar escolher meu próprio caminho. Mas eu estava errada. Luca nunca foi o pai carinhoso que desejei. Ele só se importava com ele mesmo e com as vantagens que poderia extrair de mim. Por tudo o que já vivi, ainda carregava o medo - o medo de cair novamente numa armadilha dele.Antes de sair do quarto, parei
Não sabia se me sentia aliviada ou decepcionada por ter apenas uma aula com o homem em quem esbarrei mais cedo. Agora, sentada no sofá do apartamento, repassando mentalmente cada momento do dia, concluí que talvez isso fosse até uma coisa boa.Eu não vim para Londres para me apaixonar. Vim para estudar. Consegui uma vaga em uma das melhores universidades e, graças à ajuda da Julia e do seu irmão, também conquistei um emprego. Um envolvimento amoroso só complicaria tudo.- Alice, tenho uma proposta pra você. Eu sei que você acabou de chegar, que não tem esse perfil de baladeira, mas essa é uma ótima oportunidade pra conhecer mais lugares. Além do mais... - Julia começou, e eu já sabia onde ela queria chegar. Há dois dias ela falava da tal festa. Só que eu... eu nunca fui de festas. Sempre fui a garota enclausurada, criada longe de tudo. Lugares com muitas pessoas, música alta e cheiro de álcool me causavam desconforto. Além disso, fui criada por freiras. O espírito festeiro nunca fez p
- Estou bem, só... preciso ir ao banheiro - falei, forçando um sorriso que até para mim soou amarelo.Só então notei que Julia não estava mais por perto. Meu impulso era procurá-la, dizer que queria ir embora, mas nem coragem eu tinha de confessar isso a Pierre. O banheiro foi apenas uma desculpa - uma saída estratégica para escapar daquela situação que me deixava cada vez mais desconfortável.Ele assentiu educadamente e apontou a direção. Segui, mas nem cheguei a entrar. O ar ali dentro parecia pesado, abafado... e quando percebi que o corredor do banheiro era próximo da saída, fui atraída por ela como por instinto. Antes de sair, me virei discretamente para ter certeza de que Pierre não estava olhando. Então, respirei fundo e atravessei a porta.O vento frio da noite me atingiu de forma revigorante, como um banho de realidade. O barulho abafado da música lá dentro ainda chegava aos meus ouvidos, mas do lado de fora tudo parecia mais... real. Respirei fundo, tentando encontrar um pou
Giovanni ManciniO nascer do sol em Alessandria sempre me pareceu o mais bonito do mundo. Talvez porque eu nunca tenha visto outro com os mesmos olhos, ou porque em nenhum outro lugar haveria o corpo quente de Polina entre os lençóis ao meu lado.Sua beleza completava a cena de forma quase cinematográfica. Nem a neblina suave da manhã conseguia ofuscar o brilho que emanava dela. Eu a observava como quem contempla um milagre, completamente hipnotizado, preso àquele momento como um tolo apaixonado.E eu era, sim, um tolo. Um bobo completamente rendido por amor. E não tinha vergonha disso. O amor trazia consigo uma estranha mistura de força e fragilidade. Ele nos deixava sensíveis ao menor gesto, nos fazia enxergar beleza nas pequenas coisas - como assistir o dia amanhecer ao lado de quem se ama.Mas algo começou a mudar. O céu, que deveria clarear, escurecia. O sol se apagava. E Polina... Polina desapareceu. De repente, eu estava sozinho na varanda da nossa casa.Levantei-me, alarmado,
- Senhor Giovanni, hoje começa meu aviso prévio. Eu só queria lembrá-lo de...- Não se preocupe, Tônia. Já estou cuidando disso - respondi com calma, interrompendo-a antes que ela ficasse ainda mais aflita com sua aposentadoria.Tônia trabalhava nesta empresa há muitos anos. Começou como secretária e, depois, tornou-se assistente do meu padrinho. Quando assumi os negócios, não quis mudar absolutamente nada. Na verdade, Tônia era a única pessoa em quem eu confiava plenamente. Ela era, de certo modo, como uma mãe.Ela me lembrava a minha mãe. E me tratava como tal, com conselhos firmes e broncas carinhosas. Claro, Tônia não fazia ideia dos meus planos. E era melhor que nunca soubesse. Ela era boa demais, pura demais para aceitar algo tão sombrio quanto o que eu estava fazendo. Sua saída representava, ao mesmo tempo, um alívio e uma perda dolorosa.- Você precisa de alguém jovem, rápida... e inteligente. Não é fácil acompanhar seu ritmo. Muito menos arrumar a sua bagunça - disse com aque