Ponto de Vista: Mara
Depois daquela noite sob a lua, tudo mudou. Não para melhor.
Nos primeiros minutos, enquanto o fio dourado ainda brilhava ao redor de nós três, eu achei que algo dentro de mim finalmente tinha encontrado paz. O toque de Arthur na minha mão, o braço de Apolo me envolvendo, os olhares de surpresa… tudo parecia um marco. Mas, quando a luz sumiu e os visitantes começaram a cochichar, eu percebi: aquilo não seria uma bênção. Seria uma sentença.
Nos dias seguintes, a alcateia virou um redemoinho de olhares, rumores e dedos apontados. Onde eu passava, cochichavam. Onde eu parava, os olhares me perfuravam. Ninguém me chamava pelo nome. Eu era “a escolhida”, “a companheira dos gêmeos”, “a garota da luz”.
Pior do que isso: começaram a pedir coisas.
Primeiro foi uma mulher mais velha, que veio até mim no corredor com um bebê no colo. Seus olhos marejados me imploravam alguma coisa que eu não entendia.
— Por favor… cure ele. Você tem a luz da deusa. Cure meu filho.
Eu paral