Ponto de Vista de Arthur
Mesmo que por fora eu e Apolo parecêssemos calmos, por dentro havia uma tempestade que não cessava. Uma daquelas que não anunciam sua chegada com trovões, mas que se formam lentamente, silenciosas, até rasgar tudo por dentro.
Eu observava Mara dormir.
Ela estava deitada entre nós, o rosto sereno, os cabelos espalhados pelo travesseiro como um véu escuro. Para qualquer um que entrasse naquele quarto, pareceria apenas uma jovem descansando depois de dias difíceis. Mas eu sabia. Eu sentia.
Algo havia mudado.
Desde que ela despertara com as lembranças da deusa, o ar ao redor dela parecia diferente. Mais denso. Mais antigo. Não era ameaça — era distância. Uma distância invisível que eu não sabia ainda como atravessar.
Apolo estava sentado do outro lado da cama, encostado na cabeceira, os braços cruzados, os olhos fixos nela com a mesma intensidade que os meus. Nós não precisávamos falar para entender o que o outro sentia. Éramos irmãos antes de tudo. Lobos. Guardiõ