Ponto de Vista de Mara
Acordei antes dos gêmeos.
A respiração deles era tranquila, profunda, quase sincronizada, como se os dois compartilhassem um mesmo sonho. A luz tímida da madrugada entrava pelas frestas da janela, desenhando linhas prateadas sobre a pele deles., mas Apolo e Arthur permaneciam ao meu lado, como se esperassem a qualquer instante eu despertar assustada.
Mas, naquela manhã, não era o presente que me despertava.
Era o passado.
As lembranças vieram como uma onda quente, avassaladora, rasgando a escuridão que sempre envolvera minha mente mortal. Imagens antigas, impossivelmente antigas, brotaram como relâmpagos por detrás dos meus olhos fechados. Respirei fundo, tentando entender, aceitar… mas a memória vinha inteira, sem pausas.
Eu me sentei lentamente na cama, pressionando a mão contra a testa. Não estava vendo sonhos. Estava lembrando.
Lembrando de quando eu era a Deusa.
Da minha forma imortal, luminosa, moldada antes mesmo da primeira lua cheia acender o céu dos