Ponto de Vista de Victor
A noite estava serena, iluminada pela lua cheia, mas dentro de mim não havia paz. Eu observava do salão, através das portas de vidro, o jardim onde Jaqueline e Mara conversavam. Duas jovens aparentemente frágeis, mas que carregavam em si um peso que nem elas ainda entendiam.
Meus olhos se demoraram em Jaqueline. Seu sorriso, sua delicadeza, a forma como suas mãos tremiam de emoção ao tocar a amiga… Tudo nela me lembrava porque eu ainda estava neste mundo. Depois de séculos de escuridão, depois de perder tudo — inclusive minha companheira verdadeira — eu havia aceitado que jamais sentiria de novo o calor de um vínculo. Mas o destino é cruel e, ao mesmo tempo, generoso: trouxe Jaqueline para mim.
Nunca imaginei que voltaria a sentir. Nunca.
Lembro-me bem da noite em que minha companheira original foi assassinada. O gosto metálico do sangue, o cheiro da morte, o grito que ecoou dentro de mim e nunca mais cessou. Aquela perda foi uma ferida aberta que queimou min