Capítulo 21
Lucia Bianchi
Acordei com o sol já alto, filtrando-se por entre as cortinas e trazendo um movimento que eu não esperava. Ao abrir a porta do quarto, fui recebida por um frenesi organizado: criados corriam de um lado para o outro, cozinheiras ajeitavam travessas, seguranças conversavam a caminho da entrada e um homem com prancheta apontava coisas para outro, com a seriedade de quem supervisiona uma pequena tropa. Era como se a casa inteira tivesse virado um formigueiro de propósito.
Na mesa da sala, o café já estava posto — xícaras alinhadas, pães quentinhos e uma bandeja com frutas. Sentei-me por reflexo e esperei pelo primeiro rosto conhecido. A primeira pessoa a me atender foi uma senhorinha de cabelos brancos presos num coque frouxo, a pele marcada pelos anos, os olhos atentos como se soubesse de tudo antes de mim.
— Buongiorno, signorina — disse ela, com uma voz que misturava afeto e costume.
— Buongiorno. Onde está Vinícius? — perguntei, já sentindo m