Capítulo 10 Vinícius Strondda Não dormi direito. Fiquei deitado de lado, observando o peito dela subir e descer. Lucia parecia calma, mas os olhos fechados não enganavam. O corpo se contorcia, a respiração prendia de repente, como se lutasse contra alguma coisa no sonho. Pesadelos. Passei a mão pelo cabelo, impaciente. Eu, que sempre dormi como uma rocha, agora estava inquieto. Meu corpo queimava de raiva por não saber lidar com aquilo — com ela, também com o fantasma que a assombrava. Quando a madrugada começou a clarear, levantei. Ainda estava escuro, o vento frio batendo nas janelas do casarão. Caminhei até o jardim, sem camisa, os pés afundando na grama molhada de orvalho. O silêncio era pesado, só ouvia o som distante de um corvo. Vi as rosas enfileiradas, intactas, perfeitas. Estendi a mão e arranquei uma. Segurei firme, os espinhos perfurando minha pele, o sangue escorrendo. Apertei até o talo se despedaçar, até não sobrar nada. Joguei os restos na terra, respir
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