Capítulo 20
Vinícius Strondda
A respiração dela finalmente se acalmou. Os cílios repousados contra a pele pálida denunciavam o sono pesado, arrancado à força pelo cansaço e pela dor. Eu fiquei parado por alguns minutos, só observando.
Mas não sou ingênuo. A ameaça já tinha batido à porta. E sei que tem alguma coisa que Lucia não me contou.
Levantei devagar. No corredor ainda havia um rastro de sangue que me queimava a memória. Abaixei-me, recolhi a vassoura e a pá que estavam atrás da cozinha e voltei à sala.
Comecei a varrer os cacos em silêncio, e cada estalo contra a pá me lembrava a forma como ela gritou. Cada pedaço de vidro era uma acusação contra a minha fúria. Eu, que jurei protegê-la, fui o primeiro a feri-la.
Quando o último caco sumiu do chão, tirei o celular do bolso. O brilho da tela iluminou meu rosto cansado. Abri a conversa com o Consigliere e escrevi:
— Esteja aqui de manhã. Alguém está me enviando mensagem e preciso que descubra quem é. Seu pap