Capítulo 18
Vinícius Strondda
A campainha tocou. Nem olhei para a porta; apenas destravei pelo painel, mãos ainda úmidas do banho. O soldado entrou sem barulho — passo treinado, que sabe pesar pouco no chão. Postura alinhada, olhar baixo. Como deve ser.
— Feche a porta. — indiquei com o queixo.
Ele obedeceu e ficou a dois passos de mim, a pasta de couro apertada contra o peito. E a casa tinha um rastro tênue do perfume de Lucia que pairava no ar. Eu preferi ignorar.
— Fale. O que seria tão importante pra vir hoje?
— Don… — ele pigarreou, contendo a ansiedade — revisamos tudo o que conseguimos em vinte e quatro horas. O básico bate: altura, tipo sanguíneo, histórico escolar recente. Mas… — abriu a pasta e puxou a primeira folha — há uma inconsistência.
Estendi a mão; o papel pousou sem tremor. Reconheci o timbre do cartório italiano de San Nicola, um selo antigo e as anotações manuscritas com tinta azul. Embaixo, grampeado, um registro suíço mais recente, digitalizad