Capítulo 19
Lucia Bianchi
O quarto estava limpo, mas não havia paz dentro de mim. O corpo suava, os dedos tremiam, e o travesseiro era inútil. Eu tentava dormir, mas o medo não me deixava: até quando vou conseguir esconder dele sobre mim?
Um cochilo raso me arrancou do sono quando fui acordada por um barulho de vidro estourando. Sentei num sobressalto, os olhos arregalados. O som ecoou pela casa inteira como um aviso.
— Santo Dio… — sussurrei, sentando na cama num pulo.
Levantei apressada e corri pelo corredor, pés descalços batendo no chão frio. O silêncio pesado da casa estava rachado, como se as paredes tivessem ouvido o mesmo barulho que eu. O robe balançava em torno das pernas, e cada passo era uma mistura de medo e urgência.
Quando cheguei à sala, o cenário parecia um campo de batalha: o jarro de vidro que antes enfeitava o balcão estava em pedaços, espalhado como neve cortante pelo chão. O ar cheirava a vinho derramado, forte, ácido.
Vinícius estava sentado na polt