28. No jardim.
Passamos a manhã e boa parte da tarde nos preparando para a tão esperada “pequena conversa” — um nome modesto para algo que, nitidamente, era muito mais grandioso do que se queria fazer parecer.
Meu quarto se transformou num verdadeiro camarim improvisado: vestidos dispostos sobre a cama, acessórios espalhados em cima da penteadeira, perfumes e maquiagens misturados como uma paleta viva de intenções.
Sentei-me diante do espelho, concentrando-me em meu reflexo. Caprichei no cabelo, como nunca antes. Trancei cada mecha com cuidado, deixando-as se entrelaçarem com delicadeza até formar um coque alto e firme, preso por pequenos grampos dourados. O penteado conferia-me uma postura elegante, e a visão me surpreendeu: havia em mim um traço de nobreza que até então desconhecia.
Escolhi uma calça de tecido leve e macio, ajustada ao corpo de maneira que realçava minhas curvas sem ser excessiva. Ela era de um azul profundo, como o céu noturno sem estrelas. Para a parte superior, optei por uma