21. Um pequeno passeio.
Depois de arrumar meus pertences no quarto, senti a inquietude crescendo dentro de mim como uma brasa acesa. Era impossível permanecer ali, presa entre paredes douradas que pareciam me observar. Decidi que era hora de sair e explorar um pouco.
Ao descer a escadaria principal, uma conversa abafada capturou minha atenção. A voz era masculina, firme, com uma entonação que soava tanto disciplinada quanto entediada. Curiosa, diminui meus passos e me aproximei discretamente do som. Ao alcançar o fundo da escadaria, avistei a origem das vozes.
Ali estava ele — um jovem de cabelos loiros e rebeldes, como se o vento tivesse se divertido às custas de sua aparência e ele, por puro desdém, tivesse se recusado a arrumá-los. Sua pele era clara como mármore recém-talhado, e suas roupas formais, adornadas com pequenos detalhes prateados, acentuavam ainda mais a postura impecável e fria que exibia. Sua expressão, porém, parecia eternamente entediada, como se o mundo inteiro fosse uma peça previsível