— Estava pensando no meu pai. Geralmente, passamos essa data juntos. É estranho não estar com ela agora.

Miguel se aproximou com cautela.

— E como ele está, Laura? Faz tanto tempo… — ele indagou com a voz sussurrante, hesitante.

Laura mantinha o olhar preso ao mar, com a mente em um lugar distante.

— Ele está bem. Pelo menos, sendo assistido. Ele está internado em uma clínica agora. Lá, eles conseguem oferecer a atenção e os cuidados que ele realmente precisa.

Miguel franziu a testa, captando algo nas entrelinhas.

— Ele deve estar sentindo sua falta também.

Laura fez uma pausa longa, respirou fundo antes de responder, com a voz trêmula.

— Ele não me reconhece mais, Miguel. Às vezes… em raros momentos, ele tem lampejos de clareza. Lembra de histórias antigas, fala da minha mãe, como se ela ainda estivesse aqui… Mas eu? Sou uma estranha para ele.

Os olhos de Miguel se encheram de compreensão.

— Laura, eu… sinto muito. — ele se aproximou um pouco mais.

Finalmente, Laura virou-