Helena estava ali. De pé, no corredor, a poucos passos da porta, imóvel, os olhos arregalados, o rosto pálido, como se o chão tivesse acabado de desabar sob seus pés. Laura sentiu o ar escapar dos pulmões. Por um segundo, nenhuma das duas conseguiu dizer uma palavra.
Miguel, percebendo a súbita mudança no semblante de Laura, inclinou-se para o lado para ver o que havia acontecido. Quando avistou Helena, seu corpo enrijeceu. O silêncio que se instalou entre os três era tão denso que até o som distante das ondas parecia desaparecer.
Pela expressão de Helena, não restava dúvida: ela tinha ouvido tudo. Cada palavra.
— Helena… — Miguel começou, a voz falhando. — Deixa eu te explicar… por favor.
Mas ela deu um passo para trás, como se o toque da voz dele fosse uma agressão. Nenhuma palavra escapou de seus lábios — apenas um olhar ferido, confuso e incrédulo, antes de se virar bruscamente e disparar pelo corredor.
— Helena! — Miguel chamou, já correndo atrás dela.
Laura ficou parada por um i