JÚLIA MONTENEGRO NARRANDO:
Voltamos ao salão e parecia que tudo seguia normalmente. A música clássica ecoava no fundo, garçons passavam com bandejas de taças finas, risadas suaves se misturavam a conversas vazias. Mas pra mim, nada mais parecia normal. Meu corpo ainda ardia por dentro, e cada passo que eu dava ao lado de Gabriel era um esforço pra manter a postura.
Meus olhos cruzaram com os de Carolina por um segundo. Ela estava perto da mesa de doces, o olhar baixo, fingindo que não me via. Claro que fingia. A coragem que ela teve pra deitar com meu noivo, não teve pra sustentar o olhar agora. Patética.
— Você tá bem? — Gabriel perguntou, quase num sussurro.
Assenti com a cabeça. A resposta automática. A mentira de sempre. Porque “bem” era a palavra mais distante do que eu realmente sentia. Mas já não importava. Eu ia aguentar.
Fomos direcionados até uma das mesas da frente, próximo ao centro do salão. Claro. Família Clark, lugar de destaque. O garçom puxou minha cadeira,