Capítulo 30.
JULIA MONTENEGRO NARRANDO:
A gente já estava quase chegando à saída quando escutei um som seco de talheres batendo contra uma taça. Um daqueles sons que dominam o ambiente. E antes mesmo que eu pudesse reagir, a voz dele preencheu todo o salão:
— Atenção, por favor!
Meus pés travaram.
Virei devagar, com um frio gélido descendo pela espinha. E lá estava ele.
Fernando.
De pé no centro do salão, com aquele sorriso canalha no rosto, segurando uma taça de champanhe numa mão… e com a outra, puxando Carolina pela cintura. Ela parecia nervosa, surpresa, mas não o suficiente pra esconder a alegria.
Senti meu coração bater mais forte.
Não.
Não.
— Quero só dizer que essa noite é especial pra mim — ele continuou, sorrindo como se fosse o centro do universo.
— Eu e Carolina nos conhecemos há anos… e hoje eu percebi que não existe mais tempo a perder.
O salão se silenciou de novo. Os olhares se voltaram para eles. Para aquele teatro patético montado sobre o sangue da minha dor.
Meu co