Capítulo 28.
JULIA MONTENEGRO NARRANDO:
O elevador se abriu com aquele som suave e quase elegante, como se até ele soubesse o peso do que estava por acontecer. Eu ajeitei a postura, esperando ver algum familiar de Gabriel, talvez um tio distante, algum figurão do mundo dos negócios. Só não esperava… aquilo.
Meus olhos bateram direto nele.
Fernando.
Meu corpo inteiro parou. Meus pulmões esqueceram como puxar o ar, e minhas pernas ameaçaram ceder debaixo do salto fino. E ao lado dele, como um fantasma do meu passado mais sujo, estava ela. Carolina. Tão linda e dissimulada quanto sempre foi. Os dois de mãos dadas, sorrisos falsos, impecáveis. Como se não tivessem destruído minha vida.
O coração bateu alto demais dentro do peito. Minhas mãos tremeram. Senti o calor subir até os olhos e as lágrimas ameaçarem cair, mas pisquei rápido, tentando conter. Respira, Júlia. Você não vai dar esse gostinho pra eles.
Me virei levemente para Gabriel, minha voz quase sem força, um sussurro furioso:
— Você sabia… nã