Capítulo 11.

GABRIEL CLARK NARRANDO:

O beijo me pegou de surpresa.

Um segundo antes eu só observava aquela loira encostada no balcão, rindo sozinha de alguma tragédia pessoal. No segundo seguinte, ela estava colada em mim. Boca quente, gosto de álcool, um beijo desesperado, intenso, sem lógica, mas verdadeiro.

Minhas mãos foram por instinto à cintura dela, puxando ela com firmeza, sentindo o corpo dela se encaixar ao meu como se nos conhecêssemos há anos. O bar ao nosso redor desapareceu. Por um momento, só existíamos nós dois, afogados naquele beijo que parecia querer apagar o mundo inteiro.

Quando ela se afastou, sem graça, os olhos estavam marejados e a voz falhou:

— Desculpa… foi um impulso. A propósito… o meu nome é Júlia.

Júlia. O nome soou bonito, mesmo dito com aquela dor embutida.

— Nicolas — menti, escolhendo o primeiro nome falso que me veio à cabeça.

Eu não podia ser Gabriel Clark ali. Eu não queria ser.

Ela sorriu fraco, balançando a cabeça como se o nome não impor
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