Após perder sua esposa para o câncer, Ethan Blake: um magnata americano de 32 anos que comanda um império bilionário diretamente do Brasil, se vê sozinho com um bebê de oito meses nos braços e um coração congelado pela dor. Amor, para ele, virou lenda. Compromissos? Apenas os comerciais. Emoções são uma fraqueza que ele não pode mais se permitir. Mas tudo muda quando Ellen Vasconcellos entra em sua vida. Ethan Blake jurou que jamais amaria outra mulher. Viúvo, frio e bilionário, tudo o que ele precisava era de uma babá para seu filho. Mas Ellen não era só uma babá. Ela era o caos que ele não esperava. O doce que desafiava sua dor. E, talvez, o amor que ele achava ter enterrado com o passado.
Leer másEthan Blake.
Dois meses se passaram. Sessenta dias se arrastaram desde o dia em que enterrei a minha esposa. Desde que minha vida perdeu a cor, o cheiro, o som… tudo que me lembrava que eu ainda era humano. Carla se foi. E com ela, se foi a melhor parte de mim. Desde então, tenho vivido no automático. Acordo, me visto, finjo trabalhar, atendo reuniões onde mal presto atenção. Assino papéis, participo de decisões importantes que não consigo sequer registrar na minha cabeça. Tudo ao meu redor continua girando, mas dentro de mim, o tempo parou. Fiquei congelado naquele quarto de hospital. Naquele último adeus. E agora, como se o mundo achasse que ainda não fosse o bastante, a babá de Carlos também resolveu partir. O que senti naquele momento? Foi desespero. Não a culpo, claro que não. Ela tinha seus motivos. Família, problemas pessoais… mas a verdade era que eu mal conseguia sustentar a minha sanidade, quem dirá a de outra pessoa. Carlos, meu filho. Ele era só um bebê. Pequeno demais para entender o que aconteceu, mas grande o bastante para sentir. Pois ele chora a maioria do tempo, como se buscasse a mãe no vazio. E eu… eu não sei mais o que fazer. Quando olho para aqueles olhos lacrimejados, sinto o mesmo que ele, a saudade de Carla, daqueles olhos doces dela, da sua voz me chamando no meio da noite. De como ela amava brincar com Carlos, cantar para ele. Tentei me concentrar hoje, mesmo que a minha mente esteja um caos, preciso me organizar. Preciso trabalhar. Hoje, durante uma reunião com os sócios na Blake Holdings, eles deixaram claro que minha vida profissional também estava por um fio. Que a rotina exaustiva, entre reuniões intermináveis e noites em claro acalentando meu filho, estava afundando o que me restava de energia e sanidade. Coloquei minhas mãos sobre a mesa e olhei para um dos meus sócios. — Você precisa de ajuda em casa, Ethan. — Leonardo falou, direto como sempre. — Contrate alguém. Pelo amor de Deus, pelo bem do Carlos. E pelo seu também. Ele sempre foi assim, direto, descontraído. Não é atoa que é um dos meus melhores sócios, um dos meus melhores amigos. Ele é o vice-diretor da minha empresa principal do Brasil, a Blake Holdings. Não respondi. Só assenti. Naquele momento, qualquer resposta minha teria saído atravessada, amarga, e isso era tudo o que eu não queria naquele momento. Não queria descontar em ninguém o que sentia, ainda mais nele. — Bom, vou para casa agora, nos falamos depois. - Saí da cadeira, acenei para todos e peguei minha pasta. Saí da sala de reuniões e fui até o estacionamento. Voltei para casa com um aperto no peito. Entrei no meu carro e, após dar a partida, dirigi apressado até minha mansão. Em poucos minutos estacionei o carro e dei a chave para um dos meus homens, todos me cumprimentavam e apenas assenti com a cabeça. Entrei rapidamente na sala de estar. O silêncio do lado de dentro das portas realmente machuca. Os corredores grandes da mansão, que antes tinham risos, passos apressados, cheiro de comida recém-feita… agora são só sombras e lembranças. Ao subir os degraus e ir para o segundo andar, escutei algo. Que apertou meu coração. Era um choro. Aquele choro estridente que me arrancou do torpor e me jogou de volta para a realidade. Apertei os lábios com força e corri até o quarto do Carlos, e lá estava ele: em pé no berço, rosto avermelhado, braços estendidos, pedindo ajuda em um idioma que só um pai devastado entenderia. — Shhh… papai está aqui, meu amor. — murmurei, pegando-o nos braços, sentindo o calor do seu corpinho agitado contra o meu peito. Balancei com cuidado, como Carla fazia. Eu observei seus traços e me perguntei se um dia ele vai lembrar dela. Do sorriso, do colo. Se vai lembrar do amor dela. Ou se isso tudo vai se apagar com o tempo. Alisei o rostinho dele e disse. — Você é tão pequeno ainda... tão inocente, não deveria ter que passar por isso. — sussurrei, o abraçando com carinho. Enquanto o embalava, peguei o telefone e comecei a ligar para alguns velhos amigos. Preciso de ajuda. Preciso de alguém que possa cuidar do meu filho como ele merece, como a mãe dele fazia. Carlos começou a se acalmar no meu colo, me sentei em uma poltrona no quarto dele e então coloquei o celular sobre a orelha. A chamada foi atendida, então perguntei se meu socio poderia me indicar alguém para olhar o meu filho. — Não conheço ninguém de imediato, Ethan — falou Gustavo, a voz hesitante. — Mas vou ver o que consigo. Prometo… Assim que encontrar alguém, te ligarei, ok? Você não vai ficar sozinho nessa. — Como sempre, Gustavo foi o primeiro que propôs ajudar, eu o conheço há alguns anos, um corretor de imoveis de idade, sério, firme, mas que sempre está disposto a fazer o que for preciso para ajudar os amigos. — Obrigado, Gustavo. Vou desligar agora, mantemos contato. — Me despedi. Desliguei a ligação e bloqueei o celular. Olhei para Carlos, que começou a soluçar entre um choro e outro. Me sinto um fracasso. Um homem com dinheiro, influência, poder… incapaz de confortar o próprio filho. De dar o que ele realmente quer, o que ele precisa. Uma batida leve na porta me chama a atenção. É Marta, uma das funcionárias mais antigas da casa. Ela entra com uma mamadeira nas mãos. — Fiz como a senhora Carla costumava preparar — falou, com a voz baixa, quase reverente. — Obrigado, Marta — respondi, forçando um sorriso que não chegou aos olhos. — De verdade. Sentei-me na poltrona do quarto e dei a mamadeira para Carlos. Ele pegou com mais calma dessa vez. Os olhos dele começaram a se fechar. Um suspiro escapou dos meus lábios. Finalmente. Ele mamou rapidamente e seus olhos amoleceram. Coloquei a mamadeira sobre a comoda e deixei meu filho alguns minutos em meu colo, até escutar ele arrotar. Coloquei-o no berço de lado, o cobri com o cobertor de que ele mais gostava e beijei seu rostinho. Ele dormia tranquilamente agora. Após desligar a luz, saí do quarto do meu filho e caminhei até o escritório. Esse lugar, antes cheio de projetos e sonhos compartilhados com ela, agora… se tornou minha maldição, meu pesadelo. Me aproximo da estante. Meus olhos vão direto para a foto. Minha Carla. O sorriso mais bonito que eu já vi. Tão viva naquele retrato. Tão ausente em todos os outros cantos. Me sentei na poltrona. Acendi o abajur, encarei o retrato mais de perto. A luz suave iluminou a moldura e o reflexo no vidro quase escondeu seus olhos azuis. Mas eu lembro. Como se ainda a tivesse diante de mim. Como se ela estivesse prestes a entrar na sala e reclamar da bagunça. — Eu estou tentando, querida… — falei, ainda olhando para o retrato dela, com a voz falha. — Mas não sei se vou conseguir sozinho. Fiquei ali, em silêncio, encarando aquele pedaço de lembrança. Meus olhos ardiam, mas as lágrimas não vinham. Fazia tempo que não descia uma sequer. Talvez porque eu tenha aprendido a sufocá-las. A única coisa que me restava agora… era continuar fingindo que estou inteiro. Mesmo quando tudo dentro de mim ainda sangra. Porque, no fim, o que importa é manter Carlos bem. Mesmo que eu tenha que fingir estar feliz, que eu tenha que fingir estar bem e tranquilo por fora. Ele é tudo que me restou, é a única coisa que importa.Justiça Feita. POV Ethan Blake.A notícia chegou logo pela manhã, Marcos Silveira havia sido preso.Recebi uma ligação de Thomas antes de embarcar para o Brasil. Calúnia, difamação, falsificação de documentos e tentativa de obstrução da justiça. As provas foram entregues, os testemunhos confirmados, e não havia mais escapatória, o homem que passou anos destruindo silenciosamente a vida de Gustavo agora estava atrás das grades e, pela primeira vez em muito tempo, o ar parecia mais limpo.A justiça foi feita.Gustavo teria sua vida de volta, agradeci a Thomas e Felipe na ligação e disse que o pagamento final seria realizado. Com um sorriso no rosto, me despedi da minha equipe com aperto de mão e entrei no jatinho, voltaria para São Paulo, para minha família. Ao chegar em São Paulo, passei na empresa antes de ir para a mansão, tinha mandado mensagem para Ellen, que em breve estaria em casa. Cumprimentei minha equipe e me sentei na minha cadeira. Peguei meu telefone e liguei para Gus
As Provas. POV Ethan Blake. A sala de reuniões da sede da empresa estava tomada por pastas abertas, monitores ligados em tempo real e expressões sérias. Não era mais apenas um trabalho, era uma caçada, e estávamos prestes a encerrar o ciclo. Fazia horas que eu estava ali, em reunião com meus advogados e especialistas em crimes corporativos. Ninguém ousava desviar o foco, a mesa longa estava coberta de documentos, prints, transações bancárias, gravações transcritas, e-mails antigos. Cada linha, cada dado, era uma peça do quebra-cabeça que revelava a podridão de Marcos Silveira. — Confirmamos a falsificação de três assinaturas em nome do Gustavo — disse Victor, meu diretor jurídico, com a voz firme. — Ele usou contas em nome de terceiros para movimentar dinheiro e simular envolvimento em esquemas de lavagem. — E os testemunhos? — perguntei, sem desviar os olhos da tela diante de mim. — Duas testemunhas confirmaram que Marcos ofereceu pagamento para mentir sobre negociações inexi
O Nome Revelado. POV Ethan Blake. A manhã tinha começado tranquila, dentro do possível, algumas reuniões encerradas, contratos assinados, relatórios revisados. Tudo correndo como deveria... até o interfone da minha sala particular tocar.— O senhor Thomas está aqui, senhor Blake. Disse que é sobre o caso particular que o senhor passou.Levantei o olhar na hora, finalmente.— Mande entrar.Fiquei aguardando, estava ansioso, admito. Thomas entrou com a mesma postura discreta de sempre, terno escuro, pastas sob o braço e aquele olhar frio de quem já viu o pior lado das pessoas. Trabalha pra mim há anos, e se tem uma coisa que ele sabe fazer, é descobrir a podridão que muitos tentam esconder.Ele não veio sozinho, os dois se sentaram na minha frente, Thomas me cumprimentou. — Bom dia Senhor Blake, esse é o detetive Felipe, está me ajudando com o caso Senhor. — assenti, olhando para os dois, com um sorriso educado.— Bom dia, é um prazer conhecê-lo... — cruzei os dedos e perguntei. —
Ciúmes Disfarçados. POV Ellen Vasconcelos.A minha rotina tinha se tornado uma mistura exata de correria, dedicação e amor.Entre a faculdade, os cuidados com Carlos e as visitas aos meus pais, o tempo parecia passar cada vez mais rápido. Mesmo assim, eu me organizava, sempre me organizo, cumpro meus trabalhos da faculdade com seriedade, não atraso entregas e participo ativamente nas aulas. Suzie vive dizendo que eu sou um exemplo de responsabilidade, mesmo com tanta coisa acontecendo ao meu redor.E, todos os dias, reservo um horário para passar no hospital, ver minha mãe, conversar com meu pai, mesmo que ela não fale muito, mesmo que tudo esteja mais frágil… estar ali, segurar sua mão, olhar nos olhos dela, me reconecta.Carlos também é um pedacinho do meu mundo que não abro mão, brincamos toda noite antes de dormir. Às vezes ele me espera acordado e sorri quando me vê chegando. Ethan diz que ele sente quando sou eu pela forma como balbucia “da-da” e agita as mãos. E aquilo aquece
POV Ellen Vasconcelos. A luz da manhã entrou pelas janelas com suavidade, como se tudo passasse em câmera lenta, só para me dar mais tempo com ele. Ainda estava deitada, envolta nos lençois e no calor do corpo de Ethan, que dormia com o braço em torno da minha cintura, a cabeça encostava levemente na minha, e sua respiração calma me trazia uma paz que eu nunca soube que precisava.Fechei os olhos por um instante e deixei as lembranças da noite anterior me envolverem. A forma como ele me olhou. O toque. A entrega. A maneira como ele me fez sentir como se eu fosse a única mulher no universo inteiro.Foi mágico, intenso.Foi perfeito demais. Não foi apenas sexo, foi amor. Um amor que me consumia de dentro pra fora e que crescia a cada dia, mesmo quando eu tentava entender onde tudo isso tinha começado.Eu amo Ethan, amo com força, de verdade, e, ontem à noite, tive certeza de que ele também me ama.Dei uma olhada pra ele, com um sorriso bobo no rosto e me levantei devagar, sem acor
Noite de confissões. POV Ellen Vasconcelos. Dias depois... O almoço foi tranquilo, mas havia algo diferente no ar.Estávamos só nós três à mesa, eu, Ethan e o pequeno Carlos, que mastigava pedaços de banana e sorrindo ao mesmo tempo. Ele sempre achava graça de quase tudo. A luz do sol entrava pelas janelas da sala de jantar, aquecendo o ambiente, era tudo tão calmo… tão diferente da rotina dos últimos dias.Ethan me observava em silêncio, sentia o olhar dele, firme, mas gentil. Então comentei com um sorriso:— Não sei o que seria da minha família sem você.— Eu faria tudo de novo, Ellen. Pela sua mãe, por seu pai, por você.— Você tem feito mais do que muita gente faria… — minha voz saiu baixa. — E não só com recursos, Ethan, é com cuidado, com presença, com o coração.Ele segurou minha mão por cima da mesa.— Você não precisa me agradecer, mas eu preciso que você saiba… que enquanto eu respirar, vou proteger você. E a sua família.Eu me perdi por alguns segundos naquele olhar cin
Último capítulo