Após perder sua esposa para o câncer, Ethan Blake: um magnata americano de 32 anos que comanda um império bilionário diretamente do Brasil, se vê sozinho com um bebê de oito meses nos braços e um coração congelado pela dor. Amor, para ele, virou lenda. Compromissos? Apenas os comerciais. Emoções são uma fraqueza que ele não pode mais se permitir. Mas tudo muda quando Ellen Vasconcellos entra em sua vida. Ethan Blake jurou que jamais amaria outra mulher. Viúvo, frio e bilionário, tudo o que ele precisava era de uma babá para seu filho. Mas Ellen não era só uma babá. Ela era o caos que ele não esperava. O doce que desafiava sua dor. E, talvez, o amor que ele achava ter enterrado com o passado.
Leer másEthan Blake. Assim que Ellen saiu, algo dentro de mim permaneceu. Não era desconfiança, muito menos medo. Era... cautela. Algo que nascia do instinto de proteger. Aquela garota tinha surgido na minha casa como um raio de sol em um ambiente que só conhecia sombra há meses. E isso, por mais reconfortante que fosse, também era estranho. Era algo Inesperado. Me sentei no escritório e disquei para um dos meus homens de confiança. — Preciso de um levantamento completo. Ellen Vasconcellos. Estuda direito, filha do Gustavo Vasconcellos. Manda tudo pra mim. Hoje. — disse, sério. — Pode deixar, senhor Blake. Vai estar no seu e-mail em breve. — disse e se despediu. Desliguei, e voltei o olhar para a tela do computador, onde relatórios e contratos se empilhavam. Mas eu não lia nada. A imagem que me vinha à mente era de Carlos… rindo. No colo dela. Aquela risada ainda ecoava nos meus ouvidos. Como ela fez isso? Pensei, levando um dedo ao queixo, enquanto encarava a tela do co
Ellen Vasconcellos. Me aconcheguei no sofá com Carlos no colo, as perninhas dele apoiadas nas minhas coxas enquanto brincava com os próprios dedinhos. Ethan colocou seus cotovelos no braço do sofá, na minha frente. Ele estava com o paletó sobre os ombros, mas com o olhar bem mais atento do que antes. Eu respirei fundo e então prestei atenção nele. Senhor Ethan iria começar a entrevista. — Então, Ellen... — começou, com a voz controlada. — Seu pai disse que você está cursando faculdade? Eu assenti, devagar. — Sim, estou no último ano — respondi com naturalidade, balançando levemente Carlos de um lado para o outro. — Faço direito na faculdade Fundação Getulio Vargas - FGV, no período da manhã. — fiz uma pausa e então completei. — É o meu sonho a muito tempo, quero ser advogada, mas também, sempre me interessei por educação e comportamento infantil, por isso fiz cursos de pedagogia e também fiz cursos de primeiros socorros. E sendo sincera… sempre fui apaixonada por crianças.
Capítulo 05 Ellen Vasconcellos. Quando cheguei a mansão, fiquei encantada, era um lugar lindo enorme, com os ombros retos, eu segui adiante, passei pelo jardim e então me apresentei a alguns seguranças. Eles me disseram para prosseguir, e então eu entrei... Quando fui orientada a subir os degraus da casa, assim fiz, cheguei ao corredor meio tímida e a primeira coisa que vi, foi o bebê no quarto dele. O Carlos. Era esse o nome dele. Um bebezinho de oito meses, calado, sentado no chão de carpete macio, rodeado por brinquedos que ele mal olhava. Estava ali, com o corpinho levemente curvado e os olhos perdidos, olhos de um azul tão límpido que doíam de tão bonitos... e de tão tristes. Sentia até meu coração apertado naquele momento, de o ver assim. Me aproximei devagar e então vi, uma mulher ao lado dele, uma senhora de cabelos presos num coque baixo e avental bem passado, me observava com desconfiança assim que cheguei. — Boa tarde... sou Ellen Vasconcellos. — disse com um sor
Ethan Blake.Mais uma noite em claro.Carlos acordou três vezes. A primeira vez com fome, a segunda chorando no escuro e, na terceira, acho que apenas sentia a falta… de alguma coisa… Possivelmente da mãe. Ou talvez do calor de um colo que não fosse o meu, cansado, quebrado, sem jeito.A verdade é que eu já estava no meu limite.Após dar a mamadeira para ele, que mamou rapidamente, em pouco tempo ele dormiu, coloquei ele no berço dele e fui para meu quarto me arrumar. Tinha que ir à empresa agora. Estava exausto, com sono, mas essa era a minha rotina agora. *****Sentado à mesa de reuniões da Blake Holdings, com uma xícara de café intocada à minha frente, minha mente vagava entre contratos, prazos e um bilhete escrito “fraldas” que Marta deixou colado na porta da geladeira. Meu corpo estava presente, mas o resto de mim… nem tanto.Folheei alguns relatórios pela terceira vez sem entender o que lia. As letras embaralhavam. Os gráficos pareciam piadas de mau gosto. Pisquei forte. Estav
Ellen VasconcellosÀ noite, deitada na minha antiga cama, o teto do quarto parecia me encarar de volta.Eu havia crescido ali. Nas paredes ainda estavam os adesivos que colei na adolescência, a escrivaninha com marcas de café e rabiscos de provas estressantes. Mas agora… tudo parecia menor. Menor do que a culpa que me consumia por não perceber nada antes. Menor que a urgência que eu sentia de fazer algo.O que eu poderia fazer agora?Passei a mão sobre o rosto e respirei fundo, lembrando de tudo que aconteceu mais cedo.Virei de lado pela milésima vez. As cobertas estavam quentes demais. O coração, inquieto demais. Eu precisava agir, fazer alguma coisa para cuidar dos meus pais, de toda aquela situação.Não podia simplesmente cruzar os braços e esperar que as coisas se resolvessem como num passe de mágica. Eles haviam feito tudo por mim. Agora era minha vez.Me sentei na cama e então decidi que iria cuidar da minha mãe. No dia seguinte, iria conversar com eles, seria isso. Respirei
Ellen Vasconcellos.O sol já estava se expondo quando saí pela porta principal da faculdade, puxando a mochila pelo ombro e tentando não tropeçar nos próprios cadarços. A última aula tinha sido tão arrastada que eu quase dormi com o professor falando sobre ética empresarial — ironia, considerando o que seguiria.— Você viu a cara do professor? — Fábio comentou ao meu lado, já rindo. — Parecia que ele tinha perdido a vontade de viver dando aquela aula pela milésima vez.Fábio era meu ponto de equilíbrio. Melhor amigo, sempre ao meu lado com piadas ruins e abraços inesperados. A gente tinha esse tipo de amizade que o tempo não desgastava. Ele conhecia minhas manias, meus surtos existenciais, e eu conhecia o jeito dele de disfarçar quando não estava bem. Eu fingia não perceber, mas, no fundo, eu sabia que ele gostava de mim, só tentava disfarçar.— Está tudo certo mesmo? — perguntei, olhando para ele de lado, vendo o quanto ele parecia meio para baixo.— Tudo ótimo, Ellen. Só cansado. —
Ethan Blake. Dois meses se passaram. Sessenta dias se arrastaram desde o dia em que enterrei a minha esposa. Desde que minha vida perdeu a cor, o cheiro, o som… tudo que me lembrava que eu ainda era humano.Carla se foi. E com ela, se foi a melhor parte de mim.Desde então, tenho vivido no automático. Acordo, me visto, finjo trabalhar, atendo reuniões onde mal presto atenção. Assino papéis, participo de decisões importantes que não consigo sequer registrar na minha cabeça. Tudo ao meu redor continua girando, mas dentro de mim, o tempo parou. Fiquei congelado naquele quarto de hospital. Naquele último adeus.E agora, como se o mundo achasse que ainda não fosse o bastante, a babá de Carlos também resolveu partir. O que senti naquele momento? Foi desespero. Não a culpo, claro que não. Ela tinha seus motivos. Família, problemas pessoais… mas a verdade era que eu mal conseguia sustentar a minha sanidade, quem dirá a de outra pessoa.Carlos, meu filho.Ele era só um bebê. Pequeno demais