Um amor que começou da maneira mais inesperada possível. David Wilston, vinte e oito anos, empresário, é um louco por controle. Para ele, acabar em um quarto de hotel caro com uma mulher desconhecida, era a melhor forma de terminar um dia cheio e cansativo de trabalho. Depois de uma grande desilusão com o amor, ele decidiu que nada e nem ninguém o faria amar novamente. Isabella Foorbes e David Wilston são muito diferentes, mas ao mesmo tempo, eles têm algo que os une: ambos não estavam ali para amar. Entretanto, depois de se conhecerem profundamente, eles notaram que ali existia muito mais do que simples desejo. E diante disto, decidiram colocar as cartas na mesa e rever o que estavam sentindo um pelo outro, porque em certos momentos houve troca de sentimentos onde não deveria existir nada, além de prazer. E então juntos, chegaram a uma decisão: eles iriam dar uma segunda chance para o amor!
Ler maisIsabella Foorbes era uma mulher de vinte e quatro anos, que assim como outras, adorava moda. Ela tinha uma listinha de desejos a serem realizados durante a sua vida. O primeiro de seus quatro desejos, era conseguir pagar o tratamento de sua mãe, que agora era a sua maior prioridade. O segundo, era conseguir realizar o desejo de ser modelo. O terceiro, ter a oportunidade de um dia, ser mãe, e para isso, teria que conseguir realizar o seu quarto e último sonho: viver um grande amor. Ela pensou que seus últimos dois desejos seriam realizados assim que encontrou alguém especial há alguns anos atrás, mas infelizmente, o destino foi cruel demais e tirou a vida do homem que jurou amá-la para sempre.
Desde então, Isabella achou que nunca seria feliz novamente.
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Eu estava em uma sorveteria, parei para descansar um pouco depois das três entrevistas fracassadas que tive este dia. Hoje foram apenas três, mas se contar o tanto de entrevistas que fiz durante esse último mês, eu já poderia colocar no meu currículo que minha especialidade é fazer entrevista.
— Aqui está, senhorita! - a garçonete de sorriso grande me entregou um milk shake de chocolate que eu havia pedido há alguns minutos atrás.
— Obrigada! - ela apenas fez um gesto simples com a cabeça e antes que pudesse se afastar, eu segurei seu pulso. Logo recebendo um olhar dela - Desculpe.
— Tudo bem - lhe soltei e ganhei novamente sua atenção - Precisa de mais alguma coisa?
— Você, por acaso sabe se tem vaga aqui? - ela franziu o cenho - Para trabalho.
— Ah, trabalho - eu balancei a cabeça - Desculpe, mas eu acho que no momento não. Semana passada contratamos duas balconistas. Então acho que no momento não temos vagas.
— Entendi - dei-lhe um sorriso, mesmo que a resposta não fosse a que eu esperava - Tudo bem. Obrigada!
— Por nada! - ela virou e se afastou de mim, indo limpar uma mesa, que havia ficado vazia desde a recém saída do casal de adolescentes.
Eu segurei o copo gelado entre os meus dedos e guiei o canudo fino até a minha boca, prendendo-o entre os meus lábios e o sugando em seguida, logo sentindo o líquido gelado descer pela minha garganta.
Virei a cabeça, olhando para a grande janela que estava ao meu lado. Através dela eu conseguia ver o parquinho cheio de crianças do outro lado da rua. Algumas corriam e brincavam de se esconderem entre os diversos brinquedos de metais que tinha ali, outras apenas se divertiam com os pais nos brinquedos.
Mas o meu olhar se fixou em uma garotinha de cabelos pretos e vestido branco até os joelhos. Ela estava agarrada na perna de uma mulher, que eu chuto ser sua mãe, enquanto encarava as crianças se divertindo. Talvez fosse a sua primeira vez ali. E as primeiras vezes são assim, assustadoras.
Primeiro dia de aula.
Primeiro amor.
Primeiro encontro.
Primeiro emprego.
Primeira vez.
Eram sempre momentos assustadores e cheios de ansiedades.
Continuei observando a garotinha, até que vi ela dar passos em direção a um balanço amarelo. Ela deixou para trás a expressão de medo e sorriu, quando começou a ser balançada pela mãe.
Percebe-se que ela queria se divertir, mas estava com medo do novo, e depois de algumas trocas de olhares com a mãe, ela se sentiu confortável em explorar. E em momento nenhum, ela soltou a mão da mulher que vestia um lindo vestido azul. O novo havia acabado de virar algo comum para ela.
Somos assim. Nos sentimos ansiosos e necessitados de carinho e atenção, quando estamos prestes a fazer algo novo na nossa vida. Mesmo depois de adultos, ainda queremos que alguém segure a nossa mão e diga que tudo irá ficar bem no final. Só que a pessoa que deveria estar segurando a minha mão, nesse momento, está em casa. Espero que esteja deitada em sua cama sem fazer esforços, assim como o médico a recomendou.
Minha mãe é a pessoa mais especial que eu tenho na minha vida. Depois da morte do meu pai e do meu namorado, há cinco anos atrás, eu só tenho ela. Essa mulher foi a única que sobrou na minha vida. A única pessoa especial, que eu amo, que eu sei que me ama e que está disposta a fazer qualquer coisa por mim, foi diagnosticada com câncer de mama há um mês e meio.
Acho que não fui uma boa garota nessa vida. Penso que Deus deve ter me abandonado em algum momento, porque não bastou ter tirado de mim duas pessoas que eu amava muito, ele agora queria tirar a única que me restava.
"Por que?" - Se eu encontrasse Deus agora na minha frente, seria essa a pergunta que eu faria a ele - "Por que quer tirar todo mundo de mim? Desde quando parou de se importar comigo? Por que quer me deixar sozinha?"
— Voltei! - A chegada de Rose me tirou dos meus pensamentos e me trouxe de volta.
— Você demorou - olhei para o seu rosto, que estava vermelho - Você chorou?
— Está tão visível assim? - perguntou-me, enquanto passava os dedos ao redor dos olhos.
— Deixe-me adivinhar. Brigou com o Heitor?
— Não!
— Então qual é o motivo dessa carinha triste?
— Ah, amiga - ela escondeu o rosto entre as mãos e voltou a chorar.
— Rose, o que foi? - Comecei a me preocupar.
— Eu não consegui - ela disse entre soluços baixos.
— Não conseguiu o quê?
— O emprego que eu lhe havia prometido - Eu abri e fechei a minha boca no mesmo instante. Rose é a única amiga que eu tenho. Nós nos conhecemos na faculdade de administração e desde então, foram quatro anos de amizade.
— Ei - me levantei e a abracei - Não chora!
— Amiga, desculpa. Eu sei que você está atrás de emprego e eu queria muito te ajudar, mas…
— Está tudo bem, amiga. Eu irei conseguir, não chore.
— A ligação que recebi foi do gerente do RH. Foi para ele que eu entreguei o seu currículo, mas ele me ligou e disse que a empresa não estava contratando ninguém agora. Desculpa.
— Eu já falei que está tudo bem - passei a mão em seu cabelo - Não se preocupe. Eu sou grata demais por você ter tentado, mas se eu fosse chorar por cada não que estou recebendo, você teria que comprar mais sorvetes de chocolate - ela sorriu, enquanto limpava as lágrimas com a palma da mão - Está tudo bem, de verdade. Não se preocupe.
— Claro que eu me preocupo. Você precisa pagar logo o tratamento da sua mãe.
— Você confia em mim?
— Confio.
— Então não se preocupe. U-Uma das empresas me retornou hoje e parece que eu irei ser aceita - vi ela sorrir, assim como vi seus olhos brilharem, mas não por conta das lágrimas e sim por alegria. Talvez o meu também brilhasse assim, se isso não fosse mentira.
— Ah, meu Deus. Sério? - eu confirmei com a cabeça - Mas isso é maravilhoso, Isa.
— Sim - Não. Isso era mentira. Nenhuma empresa me ligou.
Depois de se acalmar, Rose tomou mais um gole do seu café gelado e começou a digitar no celular. Com certeza, ela deveria estar falando com o Heitor, o ficante ou namorado dela. Segundo a mesma, ele ainda não tinha um título certo.
— Mas amiga, me conta - ela colocou o celular de lado e voltou a me olhar - Como está a sua mãe? - eu respirei fundo antes de respondê-la.
— Ela fala que está bem, mas eu sinto que ela está mentindo. Não sei por quanto tempo ela vai ficar tentando esconder as coisas de mim - Vídeo irritada — Eu só não queria que ela se escondesse de mim.
Rose sorriu sem mostrar os dentes e segurou a minha mão, que estava em cima da mesa.
— Sabe que pode contar comigo, não sabe?
— Sei - retribui o sorriso - e eu agradeço muito por isso - ela apertou a minha mão - Ainda vai dormir lá em casa?
— Oh, já que tocou nesse assunto.
— O que foi?
— É que - ela levou as mãos ao cabelo - Heitor me convidou pra dormir na casa dele hoje e eu aceitei.
— Não acredito que você vai me trocar pelo seu ficante.
— Meu ficante tem coisas a mais para me oferecer do que salgadinhos e cervejas - ela me olhou maliciosamente.
— Ah tá! Entendi onde você quer chegar.
— Então - Rose se levantou e pegou a bolsa, logo deixando uma nota de vinte dólares em cima da mesa -, te vejo amanhã?
— Se não estiver muito ocupada transando - a respondi enquanto deixava outra nota de dinheiro em cima da que ela havia deixado ali.
— Idiota! - nós rimos e saímos do estabelecimento. Eu precisava voltar para casa.
Pensar na minha vida com e sem o David nela, havia virado rotina, sabe? Eu me sentia boba. Ainda não era algo no qual eu poderia contar para a minha mãe ou para a Rose, pelo menos não como tudo começou. A primeira impressão que tive do David foi de um homem forte, bom, mimado - claro - e mulherengo, muito mulherengo. Além de lindo. Essas foram as primeiras coisas que pensei a respeito dele, e bem, eu não errei em nenhuma parte. David era isso e muito mais - vamos tirar a parte do mulherengo agora, ok? - Ele era gentil, carinhoso, atencioso e muito educado. Eu poderia dizer que ele era o tipo ideal para as garotas? Talvez sim, talvez não. Na maioria das vezes, David parecia um personagem tirado de algum livro ou de algum filme. Tinha momentos no qual ele era romântico demais, engraçado demais, fofo demais, ou teimoso demais, como estava acontecendo agora. Estávamos em Coney Island, uma península do Brooklyn, a cerca de uma hora de trem de Manhattan, e a cerca de quarenta minutos de
— Isabela FoorbesForam pouco mais de quarenta e cinco minutos de viagem para chegarmos até o Hotel que o David havia reservado. Era um Hotel cinco estrelas, e as minhas expectativas eram altas. Ele em nenhum momento ficou totalmente relaxado. Era sempre um olho na estrada e outro nas minhas mãos que estavam no volante. Claro que eu havia mentido, minha habilitação não estava suspensa, mas eu adorei ver os olhinhos dele arregalados. Eu morria de rir com os comentários dele.— Bella, acabamos de passar por uma viatura e eu fiz contato visual com a policial.— Eu vi que tinha um policial nos olhando, também, e você só reparou na policial? - semicerrei os olhos e olhei para ele por alguns segundos, tempo o suficiente para vê-lo corar — Chegamos! - ouvi ele resmungar um “graças a Deus!” — Ah, eu nem dirigi tão mal assim, David - revirei os olhos e abri o porta malas.— Quer ir na frente e pegar a chave do nosso quarto? - ele perguntou enquanto descia do carro — Eu pego as bolsas.— Não, p
Isabella FoorbesE de tudo que eu poderia estar fazendo agora, estar tocando a campainha da casa do David, com uma bolsa cheia de roupas nas costas, não estava nos meus planos.Lia, realmente, conseguia tudo o que queria apenas com a merda de uma ligação, e minha mãe do outro lado também. Depois da segunda ligação que Lia havia feito comigo, na noite anterior, eu liguei para o David e o avisei que iria até lá de manhã. Então na noite passada eu já deixei tudo organizado.Ele não entendeu de primeira e eu apenas pedi para que ele continuasse sem entender nada e que apenas acordasses cedo para me receber. Por Deus, a minha vontade era de matar a Lia.David se ofereceu para me buscar em casa e me levar para tomar café da manhã em algum restaurante, e por mais que eu quisesse aceitar aquele convite e ter a chance de poder entrar no Quinse Palace, eu apenas recusei e disse a ele que o daria a chance de levar café da manhã na cama para mim. Ele riu, claro, mas falou que tentaria ser o mais
Isabella Foorbes Fazia uns trinta minutos que eu havia chego em casa e nem tinha tomado banho ainda. Até a conversa que eu teria com a minha mãe eu tive que adiar, já que Lia havia me ligado no meio do caminho e estávamos conversando até agora. Ela me ligou muito brava e enquanto eu descia do ônibus ainda ouvi ela discutindo sobre alguma coisa com o Sebastian. Eu não queria estar ali, presenciando a briga deles e muito menos ouvir ela dizendo, para ele, que iria fazer grave de sexo enquanto ele continuasse sendo bonzinho com "aquela mulher".E aqui estávamos nós agora, quase completando cinquenta minutos de ligação. Lia continuava a me contar sobre o que tinha acontecido trinta minutos depois que eu saí da casa deles. Ok, alguém tinha chegado. Uma mulher, pelo jeito. E além de deixar David desconfortável, ela ainda havia causado alguns desentendimentos entre Lia e Sebastian. — David nunca me contou que a amante do pai dele era louca por ele - eu respondi a Lia, enquanto focava em r
David Wilston— Me ajuda, pelo amor de Deus - assim que Isabella saiu da minha casa, eu recorri a única pessoa que, na minha opinião, conseguiria me ajudar.— Faça o que ela falou, passeio de helicóptero, jantares românticos - ela ia balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto se concentrava em passar pasta de amendoim em um pão.— Ela só falou isso como um exemplo, mas eu quero fazer mais, Lia.— Faça mais então.— Mas eu não sei do que vocês gostam, por isso estou aqui lhe implorando, Lia Sanchez. Pelo amor de Deus, me ajuda ou eu vou surtar - ela riu e pegou mais pasta de amendoim, dessa vez levando a colher até a boca.— Surte sozinho então.— Sebastian, morde ela! — Virei cachorro agora? - ele bateu no meu braço e foi em direção a sala. Lia o seguiu e eu segui os dois.Ela continuou me ignorando enquanto se sentava no sofá ao lado do namorado, com o pão em uma das mãos. Sebastian olhou pra mim e riu, ele estava mexendo no celular e agora fazendo carinho nas coxas da namo
Isabella FoorbesIdiota. Era isso que eu era.David estava lá, de novo, me fazendo mais juras de amor e eu simplesmente estava quieta, ouvindo tudo, porque eu queria acreditar nelas, por mais que aquelas palavras, de ontem, tenham mesmo me machucado, eu queria acreditar em tudo, de novo.Queria acreditar porque eu estava amando a relação que David e eu estávamos tendo antes da briga, era sobre confiança. Queria acreditar porque ele me parecia o certo em meio a tantas coisas incertas que me cercavam.Queria acreditar porque os sentimentos que ele demonstrava ter por mim pareciam ser sinceros.Queria acreditar...porque eu estava amando ele.— Amor, fala alguma coisa, por favor? - a voz dele me trouxe para o “agora” e eu arrepiei com a aproximação dele — Me diz o que eu tenho que fazer, me deixa te reconquistar, só...diz o que eu tenho que fazer.Eu o encarei por exatos dez segundos. Ele estava tão perto, tenho certeza de que se eu me aproximasse, mais um pouco, sentiria os batimentos rá
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