O ar dentro da cozinha parecia rarefeito, como se o peso daquela revelação tivesse drenado todo o oxigênio do ambiente. Meu peito subia e descia em um ritmo errático, e, por um momento, tudo ao meu redor ficou turvo. Precisava sair dali. Precisava de ar. De espaço. De silêncio.
Levantei-me de súbito, a cadeira arrastando no chão com um ruído agudo. Luca e Matia me observaram, alertas, mas não disseram nada. Apenas deixaram que eu passasse pela porta da cozinha e saísse para a varanda, onde a chuva fina ainda caía sobre o mar agitado.
A brisa fria bateu contra meu rosto, e fechei os olhos, tentando me ancorar na sensação. Mas nada parecia real. Nada fazia sentido.
Meu pai… não era meu pai. Eu não era quem pensei ser a minha vida inteira. Eu era filha de um inimigo, de um homem que estava disposto a me usar como