Ravena
Minhas botas fizeram eco sobre as pedras frias quando cruzei o corredor da ala oeste. O castelo ainda estava envolto pelo silêncio da alvorada, mas ali... naquela ala... havia algo que cortava esse silêncio com crueldade.
Os gritos de Callie.
Ecoavam das paredes de pedra como farpas invisíveis, lançadas no ar feito lâminas finas. Gritos que ora vinham carregados de raiva, ora de arrependimento. Sons que não conseguiam ser ignorados, por mais que eu tentasse.
Meus passos cessaram.
Fiquei ali, em frente à porta trancada de onde vinham os lamentos da irmã de Cyrus. Não sabia exatamente o que ele havia feito com ela, mas aqueles sons vinham daquela ala desde a noite anterior. Ninguém ousava se aproximar. A dor... era a língua que o castelo falava com os que traíam a coroa.
Senti meu coração apertar. Eu sabia o que ela tinha feito. Ela tentou me destruir. Incitou a corte contra mim. Tentou virar a lâmina do medo contra mim, contra meu povo. E, ainda assim, uma parte de mim... se com