Ravena
O ar estava denso como fumaça turva.
O salão principal, com seus vitrais altos e colunas talhadas em obsidiana, tremia sob o peso da fúria de Cyrus. Sua aura se espalhava como uma maré escura, encharcando cada centímetro daquele lugar com uma presença tão poderosa e brutal que alguns lordes precisaram se apoiar nas paredes para não cair. Um dos mais jovens recuou três passos antes de se ajoelhar com o rosto pálido e os olhos arregalados.
Eu senti que Cyrus não se importava em feri-los. Ele queria que sofressem. A pressão era esmagadora. Como estar sob um céu prestes a ruir, com o trovão vibrando dentro dos ossos. Cyrus não falava. Ele não precisava.
Mas eu me mantive de pé.
Imóvel. Intocada. Porque aquela aura não era feita para me afetar ou me destruir. Era feita também para me proteger.
Os vampiros que compunham a corte, reunidos com suas túnicas pesadas e adornos de poder, olhavam para mim com uma mistura de medo e ultraje. Eu via o veneno em seus olhos, o pavor do descontro