Callie
A sala estava silenciosa, abafada, quase claustrofóbica. As tapeçarias antigas pendiam das paredes como testemunhas mudas de intrigas esquecidas. A lareira estava apagada, mas o ar parecia quente demais, como se as pedras respirassem uma fúria contida.
Eu estava ali, sozinha, ainda, esperando que a corte se reunisse.
Eles viriam. Um por um. Movidos pela mesma indignação que me corroía por dentro.
A cada segundo que passava, a lembrança do que vi na colina me fervia sob a pele. As transformaçãos, os uivos. A submissão cega. Aqueles lobos bestiais curvando-se diante de Ravena como se ela fosse algum tipo de deusa feita de carne e osso. E o pior, como se a desgraçada tivesse o direito de moldar criaturas tão letais, bem debaixo do nosso nariz.
Meus punhos estavam cerrados sobre a escrivaninha coberta de pergaminhos antigos e relatórios modernos administrativos. Registros de contas, documentos de propriedades, selos da coroa... tudo tão banal diante da traição que se desenrolava no