Capítulo 107 Poço das almas

Marcel

Não me lembro mais das cores do céu nas mudanças de estação. Não me lembro do cheiro da chuva, da sensação da luz do sol sobre a pele, ou da sensação do tempo passando. Uma semana, um mês, talvez mais, e tudo que me resta são os sons abafados do meu próprio coração, e o gosto constante de sangue e ferrugem.

A escuridão aqui embaixo não é apenas ausência de luz, ela é matéria viva. Um manto de sombras que entra pelos poros, que se aninha nos ossos como parasitas. Que sussurra verdades deformadas nos intervalos entre os próprios pensamentos.

Como um verme, rastejo pela lama que escorre das paredes mofadas, entre ossos velhos, meus dejetos e fluidos desconhecidos. A comida que me dão, e é que se pode chamar aquilo de comida, são restos apodrecidos jogados com desprezo.

Comi carne de ratos que matei quando a fome mais apertou, pelos de peles, pedaços de ossos quebrados, pães mofados, sopa velha. Às vezes nem me dava ao trabalho de identificar o que mastigava. O gosto da degradação
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