Sarah encarava fixamente a janela daquele velho ônibus, ela via a chuva banhar a estrada e assim como a chuva, as lágrimas escorriam pelo seu rosto... Ela estava machucada, triste e magoada e naquele instante ela jurou para si mesmo, que nunca mais deixaria homem algum se aproximar dela ou da sua filha. O que Sarah não sabia, é que ela estava predestinada a entrar na vida de um imponente playboy milionário, ríspido, bruto e totalmente possessivo e que em um piscar de olhos, toda a sua vida iria mudar drasticamente.
Ler maisParada em frente a janela do meu quarto, observo a chuva forte que cai lá fora, o vento forte b**e em meu rosto e dentro de mim sinto uma aflição tomar conta do meu peito... Eu não sei como essa noite será e esse clima frio e cinza só me deixa ainda mais apreensiva.
- Mamãe, está caindo água do teto... Olha!- A minha filha Maitê gritou me fazendo sair daquele transe. Imediatamente "acordei" e me deparei com aquela cena... O teto está simplesmente tomado por goteiras e os meus móveis que já são velhos, estão se banhando com toda aquela água. - Está tudo bem, minha filha... Já já toda essa chuva vai parar e tudo vai ficar bem.- Eu disse pegando-a em meu colo e deixando um beijo no topo da sua cabeça. A minha mente está um turbilhão nesse momento... Eu mal tenho o que dar de comer a minha filha, a água está tomando conta do chão da minha casa, destruindo os poucos móveis que me restam por aqui e eu ainda tenho que me preocupar em como o Mateus vai chegar em casa. - Fica com o celular da mamãe assistindo desenho que eu vou fazer um mingau pra você, tá?!- Disse colocando-a no sofá, entreguei meu celular em suas mãos e a cobri com a coberta. Caminhei até a cozinha naquele momento e a única coisa que tinha alí era um pouco de leite, farinha e um pouquinho de açúcar... É a única coisa que eu tenho para dar para a minha filha e ver isso parte o meu coração. Eu sempre sonhei em ser mãe, sonhei com meus filhos e na minha mente eu daria a eles tudo de mim, mas a realidade é muito diferente. Muito diferente! E isso me faz sofrer muito Eu engravidei muito nova, aos dezenove anos, eu estava completamente apaixonada pelo meu companheirismo e ele jurou pra mim que nós teríamos a vida perfeita e por algum tempo tudo foi como ele prometeu, mas o tempo foi passando... O sentimento foi esfriando, tudo começou a mudar e naquele momento eu vi, que meu conto de fadas, na verdade, era um grande pesadelo. - SARAH! CADÊ VOCÊ?- Uma voz alta invadiu meu subconsciente e naquele mesmo instante, um medo tomou conta de mim. O Mateus no início, quando a gente se conheceu. Ele era um homem encantador, muito carinhoso e na minha cabeça, ele era o homen que eu pedi a Deus... Mas de repente, ele se tornou um completo desconhecido e nos últimos anos, ele já fez comigo coisas que nem o meu pior inimigo seria capaz de fazer e é exatamente por isso que toda vez que eu ouço a sua voz, tudo em mim estremece e eu sinto medo, que tudo acabe pra mim. - Por que você não me responde, sua idiota?! Não me ouviu te chamar.- Ele disse aos gritos ao entrar na cozinha. - Desculpa, eu estava preparando algo para a Maitê comer... Não te ouvir me chamar.- Disse a ele sem coragem de olhar nos seus olhos. Os olhos desse homem me causam medo, porque ao encara-los, eu sei exatamente do que ele é capaz de fazer... E eu temo por mim, e principalmente pela minha filha. - O que tem pra comer aí? Eu estou com fome...- Ele disse já destampando todas as panelas, mas alí só havia uma sobra do almoço e o preparo para o mama da Maitê. Senti seu olhar frio sobre mim ao ver aquela cena, ele se aproximou rapidamente pegando o meu braço com forte e me pressionando contra a parede. - VOCÊ NÃO FEZ NADA PRA EU COMER? Que porra! Eu estou com fome, chego cansada e aqui nessa merda de casa não tem nada pra comer. É por que eu prefiro ficar no bar, com as quengas, lá pelo menos tem comida e as mulheres não tem essa cara de merda que você tem.- Ele cuspiu as palavras sobre mim e naquele instante eu percebi que ele havia bebido, e pelo seu hálito, sinto que não foi pouco. O Mateus não me deixa trabalhar fora, segundo ele, lugar de mulher é dentro de casa servindo o marido e os filhos, mas mesmo assim ele não trás nada pra dentro de casa e eu tenho que dar o meu jeito costurando roupas para fora e até mesmo vendendo salgados e doces... É isso que tem trago a comida pra dentro de casa e tem sido o sustento meu, da minha filha e dele. - Não tinha nada pra fazer... Só tem o bastante para o mingau da Maitê, mas se você quiser sair e comprar algo, eu preparo algo pra você bem rapidinho.- O respondi me desvencilhando dele. Ele riu ao me ouvir falar e eu pude senti-lo ali atrás de mim. - Eu não tenho dinheiro, sua imbecil! Eu gastei meu dinheiro no bar, paguei uma boa rodada de pinga para os meus amigos e para as mulheres do bar... Aliás, aquilo lá que são mulheres de verdade, não são barangas iguais a você.- Ele disse e aquilo me magoou tanto. Depois da gestação da Maitê, eu engordei um pouco, não tenho tido tanto tempo para cuidar de mim e o dinheiro nunca sobra para comprar nada pra mim, então eu me descuidei e ouvir ele falando essas coisas, só me machuca mais e mais... Porque o que ele costumava dizer para mim, é que eu era a mulher mais linda do mundo. - Então por que você não ficou por lá, hein? Você não faz a mínima falta aqui mesmo... Nem o seu papel de homem você faz, já que não trás nada pra dentro de casa.- Soltei me sentindo completamente magoada. No momento em que me calei, senti aquele olhar de fúria contra mim... Ele me pegou de uma forma agressiva pelo braço, me sacudiu e me fez olhar nos seus olhos... E naquele instante eu vi, que talvez essa seria a última noite da minha vida. - Repete o que você falou! Repete, sua vagabunda! Você queria o que? Que eu ficasse em casa com uma porca gorda igual a você? É? Pra que você quer ficar se empanturrando de comida? Você já está gorda, imensa... Eu tenho nojo de você, NOJO! E só não te larguei aqui ainda, por causa da minha filha.- Ele cuspiu tudo aquilo sobre mim e eu imediatamente senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. - Se você quiser ir embora, pode ir... Eu não quero mais sofrer, ser maltratada por você e ver a minha filha sofrer.- Disse a ele em prantos. Ele começou a rir naquele momento, me fitou de cima a baixo com pena e me lançou um olhar de nojo. - Você acha que se eu for embora algum homem vai te querer, é? Ninguém vai querer uma mulher feia, gorda e ainda por com uma filha... E só por isso que eu ainda estou aqui com você, por pena.- Ele continuou a me humilhar. Eu me afastei dele naquele instante, limpei minhas lágrimas e olhei bem lá no fundo dos seus olhos... Quer saber? Eu não preciso mais disso, eu tenho a minha família que eu sei que me ama, a minha filha que o meu bem mais precioso e sou jovem, ainda posso trabalhar e cuidar da minha filha e é exatamente isso que farei... Eu não vou sofrer por alguém que eu amei um dia, mas que pelo visto, nunca mais vai voltar a ser o que era. Eu já dei tantas chances para o Mateus mudar pra melhor... Ele sempre me promete que ele vai mudar, que vai parar de beber e que vai voltar a ser o homem que ele era antes, mas ele nunca compre as suas promessas e cada vez que eu o perdoo, ele se torna ainda pior, então eu cansei. Simplesmente cansei. - Não precisa mais sentir pena de mim, já que você tem nojo de mim, eu vou embora... Eu vou seguir a minha vida, vou cuidar da minha filha e achar um emprego pra mim... Eu não quero me sentir mais como um fardo pra você.- Eu disse passando por ele e caminhando em direção ao quarto. Enquanto eu caminhava decidida a pegar todas as minhas coisas e sumir dali, senti o meu braço sendo puxado e ele o agarrou com toda a sua força. - Mas quem disse que eu vou deixar você ir embora assim? Você não vai sair daqui e não vai levar a Maitê embora... Você só sai daqui se EU quiser.- Ele disse aos gritos e naquele momento eu só me preocupei ao ver a Maitê dormindo alí na sofá. A única coisa que eu me preocupo em meio a essas brigas é na cabecinha dela... Eu não quero que a minha cresça traumatizada, um trauma que eu mesmo a deixei vivenciar. - Por que você faz isso, hein? Você me trai, me agride, me deixa viver sem nada e quando eu quero ir embora... Você ainda quer me prender aqui? Me deixa ir, Mateus.- Pedi a ele. Ele se aprontou de mim naquele momento acabando com o espaço que havia entre nós, ele apertou ainda mais o meu braço e me olhou com seus olhos em chamas. - Você só me larga quando EU quiser e se você insistir, eu te mato, mato a nossa filha e logo em seguida me mato.- Ele me ameaçou enquanto olhava no fundo dos meus olhos e aquilo me causou uma irá. Como ele tem coragem de ameaçar contra a vida da própria filha? Como ele consegue ser tão sádico? Eu odeio esse homem e me odeio por ter caído tão fácil na sua lábia. - Eu odeio você, Mateus! Odeio e me arrependo amargamente do dia em que te conheci.- Disse entre dentes enquanto sentia meu rosto ser banhado por lágrimas. Ele me lançou um olhar furioso naquele momento, em seguida eu senti meu rosto arder e meu corpo caiu contra o chão com o tapa que ele desferiu contra mim. - CALA A BOCA, SUA VAGABUNDA! CALA A SUA BOCA!- ele gritou enquanto me chutava sem parar naquele chão. Marquei instante eu não soube identificar o que estava doendo mais... O meu corpo ou a minha mente, mas mesmo ele me ouvindo implorar para parar, ele simplesmente me batia mais e mais. - Papai, não b**e na mamãe... Por favor, papai.- Eu ouvi a minha filhinha gritar e naquele instante ela se colocou na minha frente. - Por favor, pai.- Ela implorou colocando as mãozinhas em frente ao rosto implorando pra ele parar. Eu acho que ele colocou a mão na consciência naquele momento, então ele se afastou de mim e lançou aquele mesmo olhar de ódio. - Quer saber? Eu vou voltar para o bar! Eu não tenho paz dentro dessa casa... Quando a minha cabeça esfriar eu volto.- Ele disse com raiva e literalmente cuspiu na minha cara antes de sair. Ele cuspiu sobre mim, como se eu fosse um lixo, como se eu fosse um traste. - Mamãe, tem sangue no seu nariz...- Minha filhinha disse trazendo as suas mãozinhas para o meu rosto. Eu tentei limpar àquele sangue rapidamente, sequei as lágrimas e forcei um sorriso fraco pra tentar mostrar que eu estava bem, mas ela sabia que eu não estava. - Tá tudo bem, filha... Vai ficar tudo bem.- Disse a ela. Ela sentou- se no meu colo naquele instante, trouxe as suas mãozinhas para minha bochecha e me olhou com seus olhinhos marejados e com seus lábios trêmulos. - Mamãe, eu não quero mais morar com o papai... Vamos morar com a titia, por favor.- Ela me pediu e naquele momento o meu coração se partiu. Por muito tempo eu tive medo de deixar o Mateus, porque não queria que a minha filhinha crescesse sem pai, porque eu sempre tive um pai tão bom e não quero que a minha filha perdesse isso, mas hoje eu vejo que é melhor vê-la crescer sem pai, do que vê-la com medo no olhar, com os lábios trêmulos e me pedindo pra sair daqui... Então é exatamente isso que eu falei! Eu irei embora daqui e esse homem nunca mais vai me ver, nunca mais. - Nos vamos embora, minha filha... Eu te prometo. Eu te prometo.- Disse a ela puxando-a para um abraço e naquele momento eu soube que não tinha mais volta. Acabou! É um ponto final para esse ciclo. Chega!...Sarah Meu Deus! Eu não fazia ideia que isso tinha acontecido, não sabia que a história era tão triste assim... Imagina ver o seu pai ser morto bem na sua frente? Agora eu até consigo entender um pouco do porque ele é tão fechado pra tudo, agora até que tudo faz sentido.- A família do doutor Ricardo é muito boa, tranquila e fácil de trabalhar... Você ainda vai conhecer a Charlotte, ela é a irmã caçula do Ricardo, é doidinha, mas é um amor de menina. Ela estuda fora, mas deve vir visitar a família no feriado... Os dois foram muito bem educados pelos pais e tiveram uma boa criação.- José disse tirando um sorriso de mim.Das poucas vezes que estive com a mãe do Ricardo, ela se mostrou muito educada e me tratou muito bem, achei até estranho ver uma madame tão chique e requintada tratar todo os funcionários tão bem, mas agora entendo tudo. Pelo que o José contou, tanto ela, quanto o seu marido vieram de baixo, então ela sabe bem o valor de um trabalho pesado e eu admiro isso.- Já cheg
SarahO sol já havia nascido há um tempinho, o sol já estava invadindo meu quarto através das frestas da janela e eu já conseguia sentir aquele calor matinal gostoso aquecer a minha pele.Hoje é segunda feira, ainda são oito e meia da manhã, mas eu estou incrivelmente animada... O doutor Ricardo propôs que eu levasse a Maitê pra ficar comigo durante a semana no trabalho e mesmo estando com medo do desafio que está por vir, estou imensamente feliz e animada com a ideia de te-la comigo, bem pertinho de mim. Eu ainda não sei se tudo isso vai dar certo, mas estou animada no momento e coloco tudo nas mãos de Deus e peço que Ele cuide de tudo.- Sarah, eu posso te fazer uma pergunta?- A Rebeca me perguntou enquanto me ajudava a arrumar as coisinhas da Maitê na bolsa.Imediatamente a encarei, assenti com a cabeça e sorri esperando pela sua pergunta.- Você não acha que esse seu chefe tem um interesse em você?- Ela me questionou e aquilo me deixou surpresa.NÃO! Eu definitivamente NÃO acho q
... Ricardo Eu já perdi todo o meu dia de trabalho, então vou voltar para casa e trabalharei por lá mesmo, mas antes disso, tenho alguns assuntos a tratar com a Anne... Eu quero saber com a autorização de quem ela age como a dona da minha casa, quero muito saber.- Doutor, o senhor já voltou...- Anne falou assim que pisei na cozinha.Pelo visto, ela já estava por mim... A Anne é a funcionária mais antiga da minha casa, é certo que é ela quem cuida de tudo por aqui e sempre designou os funcionários em suas funções, mas isso não dá direto a ela demitir alguém sem um motivo plausível, aliás, o jeito que ela tratou a Sarah poderia resultar em um processo, e dos grandes, então isso já que parar já.- Voltei, Anne... Voltei e gostaria muito de entender, quando é que eu te dei autoridade para impedir um funcionário de ir e vir? De ir ao médico? Quando eu te dei poder para demitir alguém sem motivo algum?- A questionei sem rodeios.Eu gosto do trabalho da Anne, mas não quero que ela pense qu
Ricardo Ainda não sei exatamente o que deu em mim, mas quando ouvi toda aquela confusão vindo da sala e recebi a notícia que a Maitê, filha da Sarah, havia se machucado... Acho que acabei agindo no automático e não pensei, e quando me dei por mim, estava estacionando o carro em frente ao pronto socorro.Eu geralmente sou racional e acabo não me metendo nos problemas dos meus funcionários, mas simplesmente não conseguir fingir que toda aquela situação não estava acontecendo e agi de acordo com o que a minha mente mandou.- Eu sabia que não deveria ter deixado-a sozinha... A Maitê ainda é muito pequena, ela só tem três anos, ela precisa de mim, eu errei em deixá-la só.- Sarah falou e eu pude sentir culpa no tom da sua voz, mas essas coisas acontecem.A Maitê é criança e crianças caem, crianças se machucam e podem se acidentar, ninguém tem controle sobre isso... Nem mesmo a mãe mais presente ou dedicada do mundo... Eu não gosto de dar o braço a torcer, mas é visível que a Sarah vive em
Sarah Ah! Não! Não! Não!Por que essas coisas acontecem comigo? Sempre comigo? A Anne me garantiu que ele já havia saído... Por que ele foi voltar.- Eu não estava falando de você, estava comentando comigo mesmo sobre uma série que estou assistindo... É sobre uma pessoa que bebe e fuma bastante.- Dei a primeira desculpa que veio a minha cabeça.- E qual o nome dessa série?- Ele me questionou chamando a minha atenção.Virei-me em sua direção com um sorriso forçado, o encarei sem graça e ao descer o meu olhar... Vi que ele estava vestindo apenas uma bermuda de malhação, ele estava sem camisa, todo o seu corpo estava suado e ele estava com a sua respiração ofegante.- E...u, eu não me lembro, mas vou verificar e te falo.- Falei gaguejando.Nossa! Não sei nem o que pensar... Aliás, acho melhor eu não pensar em nada nesse instante, porque as vezes a minha boca me engana e eu não quero falar nenhuma besteira audível.- Uhum! Você é uma péssima mentirosa, Sarah.- Ele disse passando por mim
Sarah As coisas tem passado muito rapidamente ultimamente, a minha vida tem mudado muito e aos poucos, tenho me adaptado a cada pequena mudança e tenho me sentido muito, mas muito feliz com cada pequena evolução da minha vida.Eu já estou morando aqui em São Paulo por volta de cinco meses e desde que tomei a decisão de deixar aquele relacionamento falido e me mudar para cá, a minha vida também mudou... Agora eu tenho o meu trabalho, que é bem cansativo, mas que tem me ajudado muito, eu vivo com a Rebeca em sua casinha e pela primeira vez em anos, eu posso acordar e dormir em casa. É visível o quanto a minha filha, Maitê, está mais feliz, saudável e bem e o principal, eu não vivo mais com medo de morrer todos os dias... Porque a vida com o Mateus era assim, eu acordava e dormia com medo... Com medo de apanhar, de fazer algo de errado e desagrada-lo, com medo de morrer, com medo de viver... Com medo de absolutamente tudo. Só hoje eu vejo que isso não era vida, e graças ao bom Deus eu c
Último capítulo