CAPÍTULO 6

...Sarah

Ainda é bem cedinho, acabou de dar cinco horas da manhã nesse instante e eu já estou descendo em direção ao ponto de ônibus... É que a casa do meu patrão é bem longe daqui e como ele já se mostrou bem exigente, não quero fazer feio logo no meu primeiro dia de trabalho.

O trajeto da minha casa até a casa do doutor Ricardo demorou cerca de duas horas e vinte e ao chegar em seu condomínio, não pude deixar de reparar em como aquele lugar era lindo... No dia em que vim fazer a entrevista com a mãe do meu patrão, estava tão nervosa que nem olhei ao redor, mas hoje consigo ver como tudo aqui e lindo e sofisticado... Todas as casas são enormes e uma é mais linda que a outra, toda a área do condomínio é arborizada, tem um parquinho enorme para as crianças e um lago cheio de peixes e patinhos no centro do condomínio. É a coisa mais linda que eu já vida.

- A Maitê iria adorar esse lugar.- Pensei sorridente.

Caminhei por minutos até chegar a casa do doutor Ricardo e segui pela área dos fundos, assim como a governanta me orientou logo no primeiro dia... Ela deixou claro que o patrão é bem exigente com o trabalho e com as normas da casa, então eu não quero desagrada-lo ou fazer nada de errado, até porque, é ele quem vai pagar o meu salário.

- Bom dia!- Comprometei as outras funcionárias ao entrar pela cozinha.

A casa tem bastante funcionários, mas cada um é designado para uma função... Tem a Anne, que é a governanta e comanda a casa, tem toda uma equipe de segurança, jardineiros e até mesmo uma chefe de cozinha... E agora eu, que vou cuidar de toda a limpeza da casa.

- Bom dia! Que bom, você é pontual, já é um ponto positivo... Venha comigo, eu vou te dar o seu uniforme e a sua lista de tarefas do dia.- A Anne desandou a falar e eu imediatamente a segui.

Ela caminhou comigo para a área externa da mansão e me levou até uma pequena casa que havia atrás da área da piscina.

- Bom, é aqui que você vai dormir... Pode deixar as suas coisinhas aqui e vestir seu uniforme.- Ela diz.

É uma casinha bem pequena, mas é muito aconchegante... Tem uma cama de solteiro, uma televisão, uma escrivaninha e até mesmo um frigobar... Eu adorei!

- Ok! Irei me vestir agora mesmo.- Disse já pegando o meu uniforme.

- Olha Sarah, eu só vou te pedir uma coisa, jamais entre no escritório do doutor Ricardo. Você pode limpar a casa toda, mas lá dentro a única pessoa autorizada a entrar, sou eu, okay? O resto da casa eu vou te orientando em como ele gosta da limpeza e é muito importante que você limpe o quarto dele todos os dias... Ele é um pouquinho viciado em limpeza, organização e gosta das coisas dele tudo no exato lugar que ele deixou, então se atente com isso.- Ela me orientou.

Okay! Até o momento está tudo certo, tudo dentro dos conformes... A Rebeca já havia me orientado que a fama desse "doutor Ricardo" era péssima, então já estou preparada.

- Okay! Entendi tudo!- A respondi com um sorriso no rosto.

- Ah, e evite limpar os cômodos que ele estiver, okay? Por exemplo, só vá limpar o quarto dele, quando ele já tiver saído e também não fale com ele em hipótese alguma, Sarah... A não ser que ele fale com você.- Ela complementou. - Ah, e pelo amor de Deus, vê se prende esse seu cabelo, o doutor Ricardo vai ter um treco se achar esse seu cabelo na comida.

Okay! Estou me sentindo como se estivesse trabalhando no palácio de Buckingham, junto com os monarcas, de tantas ordens e restrições, mas quer saber? Está tudo bem! Eu estou aqui para ganhar o meu dinheirinho, não para ser a melhor amiga do patrão... Até porque, eu jamais seria amiga de um homem tão chato e amargo.

A Anne logo me deixou sozinha e eu fui me aprontar... Prendi o meu cabelo em um coque baixo, vesti o meu uniforme, que consiste em um conjunto de saia e blusa todo preto, com pequenos detalhes brancos, e avental todo branco... É algo simples e bem confortável.

Ao me aprontar, logo voltei para a casa principal e fui cuidar dos meus afazeres de acordo com as ordens da Anne... Eu limpei a sala de estar, dei uma geral na academia e logo depois do almoço, fui dar uma geral na cozinha.

A chefe de cozinha, que descobri que se chama Arabella, estava preparando o almoço do patrão, enquanto eu ajeitava todo o armário... Que por sinal, está uma grande bagunça.

- A sua comida está muito cheirosa! O que você está fazendo?- Puxei assunto com ela enquanto fazia o meu trabalho.

Já que eu vou passar cinco dias da semana dentro dessa casa, acho melhor eu tentar fazer amizades com o pessoal que trabalha por aqui.

Ela desviou o olhar das suas panelas ao ouvir minha pergunta e me lançou um olhar um tanto quanto estranho... Eu falei algo de errado?

- Pra que você quer saber? Não pense que alguém como você vai comer da comida do chefe... Se coloque em seu lugar, garota e se de por agradecida pela comida que o doutor cede para vocês... Se eu fosse ele, daria apenas um macarrão com salsicha.- Ela me respondeu com desdém.

Mas eu não pensei nada, só queria saber o que era... Eu sei que não vou comer a mesma comida do patrão, só queria puxar assunto, descontrair, mas pelo nessa casa, não é só o doutor Ricardo que é um enjoado.

- O almoço está pronto, Anne? Tenho que almoçar rápido... Tenho uma reunião muito importante no Rio ainda hoje.- Eu pude ouvir uma voz masculina invadir todo o cômodo e eu não sei exatamente o porque, mas ouvir aquela voz, me causou um certo nervosismo e me fez tremer por dentro.

Eu acho que é receio por todos os comentários negativos que ouvi já sobre esse homem... Eu tenho medo que ele não goste de mim ou dos meus serviços e me enxote daqui, só pode ser isso.

- Como está o almoço, Arabella?- Anne prontamente a questionou e parece que uma força tarefa tomou conta daquela cozinha.

Arabella que havia acabado de me tratar feito um animal, ficou bem mansinha perto do patrão e abriu um sorriso gigante enquanto descrevia o cardápio do almoço para ele.

- Sarah, deixe essas coisas de lado e vá servir o doutor enquanto a Arabella termina o almoço.- Anne pediu.

Eu? Mas por que eu? Eu não quero servi-lo. Tenho certeza que vou acabar fazendo alguma burrada, eu tenho certeza.

- Eu?- A questionei temerosa.

- Ué, não tem outra Sarah aqui.- Ela me respondeu impaciente.

Aí meu Deus! Era só o que me faltava.

Respirei fundo ao ver que não havia outra saída, deixei tudo que estava fazendo de lado e fui até a sala de jantar.

O doutor Ricardo já estava sentado alí e conversava calorosamente em seu celular... Eu por minha vez, parei próximo a mesa e esperei que ele terminasse a conversa.

- Victoria, não existe a mínima possibilidade de te levar para o Rio... Se enxerga, Victoria. Olha, eu estou indo trabalhar, não estou indo ficar de bobeira na praia de Copacabana não.- Ele falou com grosseria. - Ta bom, Victoria. Tá bom, olha, quando eu voltar, eu te ligo. Vê se para de me encher o saco, que inferno.- Ele gritou com a tal Victoria e bateu com o telefone contra a mesa.

Eu não sei porque, mas meu coração se feriu ao vê-lo tratar a tal Victoria daquela forma e eu me lembrei da forma que o Mateus me tratava... É, pelo visto ele não é o único grosso nesse mundo, e é exatamente por isso que quero ficar solteira pelo resto desse mundo.

- Boa tarde! Eu já posso te servir?- O questionei tentando quebrar aquele clima.

- Claro! Você está aqui pra isso, não para ficar ouvindo as minhas conversas.- Ele me disse com grosseria sem ao menos me encarar.

- Senhor, me desculpa, mas eu não estava ouvindo a sua conversa... Estava esperando o senhor termina...- Eu comecei a falar, mas ele prontamente me interrompeu.

- Garota, eu não quero te ouvir falar, faça seu trabalho e me sirva, antes que eu me arrependa de ter te contratado.- Aquele troglodita disse ao me interromper.

Eu queria manda-lo a merda naquele instante, mas pensei na minha filha e no seu futuro e por isso, me calei e coloquei um sorriso totalmente falso em meu rosto.

- Claro, sim senhor!- Prontamente o respondi.

Eu fui pronta para servir o salmão com molho de ervas finas em seu prato, mas não fazia ideia de que aquela colher estava tão quente e aquilo me fez pular de dor e em um ato falho, a colher e toda a travessa caíram sobre o colo daquele homem.

Não! Ah não! Eu não acredito que fiz isso! Não acredito!

- Senhor, me desculpa... Me desculpa, por favor- Pedi desesperada enquanto tentava limpar toda aquela sujeira do seu colo.

Aquele homem me pegou pelo braço fazendo com que eu me afastasse de dele, retirou a sua camisa rapidamente e só naquele instante, eu pude ver como a sua pele estava vermelha, e o seu rosto, estava ainda mais vermelho.

O Ricardo é um homem branco, a sua pele é muito clara, mas acho que o nervosinho fez com que ele ficasse da cor de tomate e se o instante não fosse tão crítico, juro que essa cena seria muito engraçada.

- Eu vou lavar sua blusa agora mesmo... Eu vou dar um jeito em tu...- Eu comecei a falar, mas ele rapidamente me interrompeu.

- Sai da minha frente! Saia já minha frente! Anne, venha aqui agora!- Ele gritou fora de si e eu imediatamente o obedeci.

Eu que não vou ficar aqui e pagar pra ver... Esse homem e louco, um grande descontrolado... É capaz até dele me bater por conta disso.

- O que você fez, garota?- Anne me questionou ao passar por mim.

- Eu deixei o salmão cair na roupa dele... E eu acho melhor você ir socorre-lo rápido, ou ele vai ter um troço.- Disse sem graça.

É, pelo visto hoje é o meu primeiro e último dia aqui... Já vou até arrumar as minhas coisas de uma vez, porque sei que não duro mais nem um segundo nessa casa.

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