Mundo ficciónIniciar sesiónLaura é uma psicóloga cética que acredita que o amor não passa de uma ilusão da mente. Bernardo é um fazendeiro determinado que precisa se casar para garantir sua herança. Quando ele lhe propõe um casamento de conveniência, Laura aceita, afinal, sentimentos não estariam envolvidos. Mas à medida que convivem, ela começa a questionar suas próprias certezas. E se o amor não for uma doença psicológica…
Leer másQueridas leitoras que chegaram comigo até aqui… Obrigada. Obrigada por caminharem ao meu lado até o fim de mais uma história. Esse livro ficou guardado por anos. Escondido em mim. E só agora eu consegui dar vida a ele. E confesso… foi difícil. Muito. Difícil começar, difícil continuar… e ainda mais difícil colocar um ponto final. Parte de mim queria escrever mais, ir além, não soltar a mão da Laura tão cedo. Mas as histórias têm vida própria. E essa me mostrou que, às vezes, o rumo que a gente imaginou lá no começo não é o que o coração escolhe no fim. A trajetória da Laura foi intensa. Dolorosa, bonita, humana. Ela sangrou, calou, gritou, renasceu. E o Bernardo… ele foi um sopro de paz. Escrevê-los me curou em muitos lugares que ainda doíam. E se, de alguma forma, essa história também tocou você — então tudo valeu a pena. Não deixem de acreditar no amor. Mesmo quando parecer improvável. Mesmo quando a gente jura que não quer mais. O amor salva. Sempre. E com o fim deste
Eu havia defendido minha tese na UFRJ.Era oficialmente mestre em Psicologia.Fechei os olhos por um instante ao lembrar da banca, das perguntas, da minha voz sustentada pela força de tudo que vivi até aqui. O auditório já estava vazio, mas o eco daquela conquista ainda reverberava dentro de mim. Não era apenas o fim de um ciclo acadêmico era o encerramento de uma versão minha que eu já não carregava mais.De volta ao apartamento, abri as janelas da sala e me deparei com a vista que por tantos anos foi o meu abrigo — e também o meu campo de batalha. A cidade se estendia à frente, pulsando viva e indiferente como sempre. As luzes dos carros, o burburinho dos prédios, o cheiro leve de café vindo de algum lugar da rua de baixo.Esse lugar tinha me visto quebrar, me reconstruir, fingir força, descobrir minha verdade. Tinha me visto sozinha, acompanhada, esperançosa e em ruínas. Era estranho pensar que, embora tudo ainda estivesse igual ao que sempre foi, eu já não era mais a mesma.— Você
Minha mãe e a Cris haviam chegado apenas no dia anterior, mas a presença delas já ocupava espaços em mim que estavam adormecidos fazia tempo. A alegria da Cris, o jeito observador da minha mãe, os comentários rápidos entre uma refeição e outra… Era como se, de repente, duas partes esquecidas de mim estivessem sentadas à mesa, caminhando pelo quintal, percorrendo os corredores do casarão como se pudessem, de algum jeito, recuperar o tempo que ficou pra trás.À noite, depois do jantar, contei a elas sobre a chácara — que era onde Bernardo e eu pretendíamos morar assim que a reforma terminasse. Falei com calma, tentando não transformar o assunto num anúncio oficial, mas numa partilha verdadeira.— E vocês vão morar sozinhos lá? — minha mãe perguntou, com a voz baixa, quase distraída, enquanto mexia a xícara de chá nas mãos.— Sim. A casa vai ficar pronta em breve. Estamos decorando tudo juntos. A ideia é termos nosso espaço… algo que seja realmente nosso, sabe?Cris lançou aquele olhar t
Minha mãe e a Cris me ouviram atentamente, absorvendo cada palavra com um silêncio respeitoso. Às vezes trocavam olhares entre si, como se estivessem tentando montar um quebra-cabeça do qual haviam perdido as peças centrais. Minha tia Helô, por mais que soubesse de parte da história, ficou visivelmente surpresa ao descobrir que meu casamento com Bernardo havia começado por meio de um contrato.Essa não era uma história que eu compartilharia com qualquer pessoa. Era íntima, complexa, delicada. Minha história. Só as pessoas verdadeiramente importantes para mim tinham o direito de conhecê-la por completo.A conversa se desdobrou com calma, entre perguntas contidas e respostas sinceras. E, apesar do choque inicial, senti que o julgamento começava a ceder espaço para compreensão.Perto do horário do almoço, Bernardo chegou no casarão. Bernardo entrou com o ar confiante de sempre, camisa social dobrada até os cotovelos, a expressão serena — até perceber que a sala estava cheia.— Ei — disse
Os dias estavam passando depressa, engolidos pela correria das últimas semanas. A reforma da clínica seguia a todo vapor — havia poeira, barulho, decisões para tomar a cada instante, mas tudo isso trazia um tipo de exaustão boa, como se cada martelada nas paredes também ajudasse a reconstruir algo dentro de mim. Era emocionante ver o projeto sair do papel, tijolo por tijolo. Pela primeira vez em muito tempo, eu voltava a me enxergar fazendo o que amo: cuidando, acolhendo, reerguendo não só outras pessoas — mas a mim mesma também. Enquanto isso, na chácara, os últimos detalhes da decoração estavam sendo ajustados. Bernardo e eu fazíamos escolhas juntos, e mesmo com estilos diferentes, conseguíamos encontrar um equilíbrio. Cada cantinho estava ficando com a nossa cara, como se aquela casa fosse, de fato, o reflexo do que estávamos construindo — devagar, mas com verdade. Eu me pegava estranhando esse sentimento bom. A calma. A sensação de pertencer. Por tanto tempo, viver com levez
Na noite anterior, durante o jantar, a Sara agradeceu a todos pela estadia no casarão. Sua voz estava serena, segura. Disse que iria morar com o Felipe — apenas isso. Nenhuma grande explicação, nenhum discurso elaborado. Foi simples, direto. E inesperadamente definitivo. Ninguém fez perguntas. Talvez porque, de alguma forma, todos já soubessem. Havia algo inevitável na forma como os dois se olhavam, como se tivessem encontrado um lar um no outro, mesmo em tão pouco tempo. Eu não sentia raiva da Sara. Não havia mágoa, nem ressentimento. Pelo contrário — o que eu sentia era uma pontada silenciosa de inveja. Não por ela ter ficado com o Felipe. Isso não importava. Mas pela coragem. Pela capacidade que ela tinha de se lançar inteira, de se permitir viver um sentimento sem ficar criando grades em volta do coração. Sara não tinha medo de amar. De quebrar a cara, se preciso fosse. De se machucar, se fosse o preço de viver algo verdadeiro. Ela havia conhecido o Felipe há poucas semana





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