4.

Lilly respirou fundo antes de sair do táxi. O portão imponente da mansão Carter se erguia à sua frente, e ela sentiu um misto de ansiedade e empolgação. Era sua primeira manhã oficialmente trabalhando para James Carter e cuidando da pequena Emily. O emprego era um grande passo para sua estabilidade financeira, mas também algo totalmente novo em sua vida.

Enquanto puxava sua mala em direção à entrada, a porta da casa se abriu. James saía apressado, ajustando o relógio de pulso, com a expressão séria de sempre. Ele vestia um terno impecável e segurava uma pasta de couro em uma das mãos. Ao notar Lilly, parou por um instante.

— Você chegou cedo. — Sua voz era firme, sem traço de emoção.

— Achei melhor não me atrasar no primeiro dia. — Ela sorriu, tentando amenizar a tensão natural que sempre sentia perto dele.

James apenas assentiu, lançando um olhar breve para sua mala antes de olhar para o relógio novamente.

— A governanta vai te mostrar tudo. Preciso sair agora. — Ele se virou em direção ao carro que já o aguardava na entrada. — Bem-vinda, Lilly. — disse por fim, antes de entrar no veículo e desaparecer pela longa estrada que levava ao portão principal.

Lilly soltou um suspiro e se virou para a casa, sentindo-se um pouco mais à vontade sem a presença intimidadora de James. Antes que pudesse tocar na maçaneta, a porta se abriu de supetão, e uma garotinha de cabelos castanhos claros surgiu diante dela, os olhos brilhando de animação.

— Você veio! — Emily exclamou, um sorriso largo estampado no rosto.

O coração de Lilly aqueceu com a recepção calorosa.

— Vim sim! — respondeu, abaixando-se para ficar na altura da menina. — Você estava me esperando?

— Sim! Eu acordei cedo porque a governanta disse que você chegaria hoje. Queria te mostrar tudo! — Emily pegou sua mão sem hesitar. — Vem, quero te levar para ver o seu quarto!

Lilly riu e olhou para a governanta, que agora estava parada na porta, observando a cena com um sorriso suave.

— Bom dia, senhorita Harper. Sou a senhora Carter, a governanta da casa. — A mulher, de aparência elegante e idade avançada, fez um gesto indicando que poderia segui-las. — Emily está ansiosa desde ontem.

Lilly caminhou pela ampla entrada da casa, observando os detalhes luxuosos do interior. Era ainda mais impressionante do que imaginava. Emily, sem soltar sua mão, a puxou escada acima.

— Seu quarto é bem bonito! Acho que você vai gostar. — a menina disse, animada.

Ao chegarem ao segundo andar, a governanta abriu uma porta dupla e Lilly entrou, surpreendendo-se ao ver o espaço que agora seria seu. O quarto era enorme, com um design sofisticado e acolhedor. Havia uma grande cama de dossel com lençóis macios, uma escrivaninha elegante próxima à janela e um armário embutido de madeira escura.

— Uau... — Lilly sussurrou, olhando ao redor. — Isso é incrível.

— Eu te disse! — Emily bateu palminhas. — Você gostou?

— Muito! Eu nunca tive um quarto tão bonito assim.

A menina sorriu, parecendo satisfeita.

— Agora que você mora aqui, podemos brincar sempre que eu não estiver na escola?

Lilly sentou-se na beira da cama e olhou para a pequena.

— Claro! O que você gosta de brincar?

— Bonecas! Eu tenho várias e podemos inventar histórias juntas! — Emily pegou a mão de Lilly novamente. — Vamos para o meu quarto, vou te mostrar.

Lilly olhou para a governanta, que assentiu com um pequeno sorriso.

— Acho que você foi oficialmente convocada para uma manhã de brincadeiras, senhorita Harper. — a mulher comentou, com humor.

Rindo, Lilly se levantou e seguiu Emily até seu quarto. Era um ambiente encantador, com tons suaves de rosa e branco, repleto de brinquedos organizados cuidadosamente em prateleiras. No meio do tapete macio havia um pequeno castelo de bonecas e uma fileira de pequenas princesas esperando por suas aventuras.

— Vamos fazer um baile! — Emily decidiu, pegando duas bonecas e entregando uma a Lilly. — Essa pode ser a princesa e essa o príncipe.

Lilly segurou os bonecos e sorriu.

— Tudo bem. E qual será a história?

— A princesa estava triste porque seu pai sempre estava ocupado, mas então ela encontrou uma fada que fez ela se sentir feliz de novo! — Emily explicou, ajeitando a saia de uma das bonecas.

Lilly sentiu o coração apertar levemente. Era impossível não perceber que a história era inspirada em sua própria vida.

— Essa fada é uma ótima amiga. — Lilly comentou, começando a movimentar as bonecas. — Talvez ela e a princesa possam se divertir juntas sempre que precisarem sorrir.

— Sim! E o príncipe pode dançar com elas no baile! — Emily riu, fazendo a boneca rodopiar no tapete.

Elas passaram um tempo brincando, conversando sobre histórias, filmes e as coisas que Emily mais gostava. Lilly já começava a entender a personalidade doce da menina, seu jeito sonhador e a carência que, embora mascarada por sua animação, ficava evidente em pequenos gestos.

O tempo passou rapidamente, e logo a governanta bateu na porta.

— Senhorita Emily, está na hora de se arrumar para a escola.

— Ahhh, mas eu queria brincar mais um pouco! — Emily fez um biquinho, olhando para Lilly.

— Podemos brincar mais quando você voltar. — Lilly prometeu, ajeitando o cabelo da menina.

— Jura?

— Claro. E se quiser, eu posso te contar uma história antes de dormir também.

Os olhos de Emily brilharam de felicidade.

— Combinado! — ela sorriu, antes de correr até o banheiro para se trocar.

A governanta olhou para Lilly com um olhar de aprovação.

— Ela realmente gostou de você.

Lilly sorriu, sentindo-se mais à vontade.

— E eu gostei dela. Acho que vamos nos dar muito bem.

A governanta assentiu antes de se retirar, deixando Lilly sozinha por um momento. Ela olhou ao redor e soltou um longo suspiro. Estava oficialmente começando uma nova fase da sua vida.

Agora, Lilly Harper fazia parte da casa Carter.

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