O mundo parece fora de foco quando abro os olhos.
A luz atravessa as frestas da persiana e corta meu rosto como uma lâmina quente.
A cabeça pesa.
O estômago está enjoado.
A garganta seca.
Levo alguns segundos até perceber onde estou.
Meu quarto.
Mas algo está errado.
Muito errado.
O lençol está meio jogado no chão.
Sinto um peso do meu lado esquerdo.
Uma respiração leve.
Um perfume que não reconheço.
Viro o rosto devagar — e tudo congela.
Uma mulher está deitada ao meu lado.
Nua.
Os cabelos escuros caídos sobre o ombro.
A pele bronzeada.
Um sorriso satisfeito se formando enquanto ela desperta.
Minha alma quer sair correndo do meu corpo.
— Que porra é essa? — sussurro, me afastando dela, o coração martelando como um tambor de guerra.
Ela abre os olhos preguiçosamente e me encara com uma expressão serena.
— Bom dia, Leo.
A voz é familiar.
Demais.
Demora um segundo pra memória bater.
Mas quando bate, a pancada me arranca o ar.
Isadora.
A filha dos Ferraz.
A mulher que meu pai vinha tenta