Estaciono o carro em frente à mansão dos Ávila, com os olhos ardendo e os nós dos dedos ainda doloridos de tanto apertar o volante.
A fachada continua imponente, fria.
A mesma de sempre.
Mas agora não me intimida.
Me enoja.
Respiro fundo, saio do carro e caminho pelo jardim perfeitamente podado.
Cada passo é um lembrete: essa casa já foi meu lar.
Agora é só cenário de guerra.
O segurança da frente hesita quando me vê.
Mas não tenta me impedir.
Ele sabe que não é o momento de brincar com fogo.
Abro a porta da frente com força.
O som ecoa pelo hall como um trovão.
Caminho com passos pesados pelo mármore brilhante, ignorando os olhares dos funcionários.
Passo pelo corredor central, cruzo a sala principal e então empurro as portas duplas da sala de reuniões com violência.
Meu pai está lá.
Como sempre.
Terno impecável, copo de uísque, papéis à mesa, expressão calma de quem acha que ainda está no controle.
— Esperava que viesse mais cedo — diz ele, sem se abalar.
— Você armou pra mim — falo