Capítulo 4

Os dias seguintes são um verdadeiro desafio.

Desde aquela noite no escritório, Leo e eu mal trocamos palavras além do absolutamente necessário. Ele evita ficar muito tempo no mesmo ambiente que eu, e quando nossos olhares se cruzam, sinto uma corrente elétrica percorrer minha espinha.

Ele está se esforçando. Eu também.

Mas é como tentar apagar um incêndio com gasolina.

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— Lucy! — Felícia corre até mim nos bastidores, ajeitando meu figurino para a apresentação da noite. — O Leo chamou a gente para uma reunião depois do expediente. Parece que vai fazer alguns ajustes na equipe.

— Ajustes? — pergunto, o coração acelerando.

Ela dá de ombros.

— Só sei que todos os dançarinos e garçons têm que ir.

Ótimo. Mais uma oportunidade para ficar frente a frente com ele e fingir que nada está acontecendo.

Termino o show com a sensação de estar sendo observada o tempo todo. E, claro, não estou errada. Durante uma pirueta, vejo Leo encostado discretamente no balcão do bar, seu olhar cravado em mim como uma promessa silenciosa.

Ignoro o calor que se acumula em meu estômago e termino minha apresentação o mais profissionalmente possível.

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Após o fechamento da casa, nos reunimos no salão principal. As luzes estão baixas, e há uma tensão no ar que não tem nada a ver com a reunião.

Leo está na frente do grupo, impecável em seu terno escuro, passando instruções sobre novos protocolos de atendimento e apresentações.

Finjo que anoto tudo, mas a maior parte da minha atenção está concentrada em não encarar diretamente aquele homem.

— Alguma dúvida? — ele pergunta, depois de finalizar.

Ninguém responde.

— Ótimo. Estão liberados.

As pessoas começam a se dispersar, mas, antes que eu possa sair junto, a voz dele me para:

— Lucy, fique mais um minuto, por favor.

Minhas pernas hesitam, mas obedeço. Sinto o olhar curioso de Felícia sobre mim antes dela desaparecer com os outros.

Ficamos sozinhos no salão vazio.

Meu coração b**e descompassado.

Leo caminha até a beira do palco, apoiando-se casualmente na borda. Mas não há nada casual na maneira como ele me observa.

— Está tudo bem? — pergunto, quebrando o silêncio antes que ele o faça.

Ele sorri de lado, um sorriso triste.

— Você acha que está?

Respiro fundo.

— Eu estou tentando manter as coisas profissionais, Leo.

Ele passa a mão pelos cabelos, claramente frustrado.

— Eu também. Mas você está me matando, Lucy.

Sinto a pele formigar.

— Você é meu chefe. E eu dependo desse emprego — digo, tentando ser racional, mesmo quando cada fibra do meu corpo pede o contrário.

Leo dá um passo à frente.

— E eu dependo da minha sanidade para administrar esse lugar. — Seu tom é baixo, íntimo. — E ultimamente, tudo o que consigo pensar... é você.

Fico imóvel, hipnotizada.

Ele para a poucos centímetros de distância.

— Eu não deveria me aproximar — ele murmura. — Mas não consigo evitar.

Seus dedos tocam minha mão, tão levemente que parece um sonho.

Fecho os olhos, tentando reunir forças para recuar, mas estou paralisada, presa na tensão que vibra entre nós.

— Leo... — sussurro.

— Me diga para parar — ele desafia, a voz rouca.

Abro os olhos e encontro os dele. Tão intensos. Tão cheios de desejo contido.

Eu deveria dizer. Eu deveria pedir para ele parar.

Mas não digo.

Ele aproxima o rosto do meu, e por um instante, o mundo inteiro desaparece.

O calor do seu corpo, a respiração dele misturando-se à minha, tudo se resume a esse momento suspenso.

Então, como se sentisse o perigo, Leo recua um pouco, soltando um suspiro pesado.

— Eu prometi a mim mesmo que não seria esse tipo de chefe — diz, com um tom de autopunição. — Não com você.

— Então não seja. — Minha voz sai fraca, mas firme.

Ele me encara como se quisesse decorar cada traço do meu rosto.

— Preciso que você confie em mim, Lucy. Preciso de tempo.

Assinto, embora não saiba exatamente no que estou concordando.

Tudo o que sei é que, naquele momento, mesmo sem beijos, sem carícias, Leo deixou claro que não somos mais apenas chefe e funcionária.

E eu, apesar de todos os riscos, não quero mais fingir que somos.

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De volta ao camarim, depois que ele me deixa ir, desabo no sofá, o corpo ainda tremendo.

Felícia entra, com aquele sorriso malicioso que só ela consegue fazer.

— Não me engana, Lucy. Eu vi como ele olhou pra você hoje.

Tento negar, mas minha expressão deve me trair.

— Nada aconteceu. — digo, tentando soar convincente.

Ela gargalha.

— Ainda não.

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Em casa, deitada na cama, encaro o teto escuro.

Meu corpo ainda pulsa de desejo não saciado.

Fecho os olhos e, por um momento, me permito imaginar como seria se Leo não tivesse recuado.

Se ele tivesse me beijado.

Se eu tivesse cedido.

A respiração se acelera só de pensar.

Mordo o lábio, tentando conter a onda de calor que me domina.

Eu sei que isso é apenas o começo.

Se continuarmos nesse caminho...

Nenhum de nós vai conseguir resistir por muito mais tempo.

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