Fecho a boate com os pensamentos embaralhados.
As luzes se apagam aos poucos, uma a uma, e o salão vai mergulhando em sombras, mas o calor da mão da Lucy ainda está em mim.
A forma como ela me olhou, como me tocou… aquilo mexeu comigo mais do que qualquer coisa nos últimos anos.
Sento na beirada do palco, os cotovelos apoiados nos joelhos, tentando organizar tudo dentro de mim.
Mas aí escuto passos suaves.
E antes que eu me vire, já sei que é ela.
— Achei que já tivesse ido embora — digo, sem encará-la.
— Não consegui. Fiquei preocupada.
Ela se aproxima devagar, e meu corpo responde antes da razão.
Ela senta ao meu lado, o perfume leve envolvendo o ar entre nós.
— Você brigou feio com seu irmão, né?
Assinto, encarando o chão.
— Ele disse que eu tava destruindo a imagem da nossa família… por sua causa.
— E você? Acredita nisso? — ela pergunta com a voz baixa, quase um sussurro.
Olho para ela. E é como olhar para a resposta que eu nem sabia que procurava.
— Não.
Você não