A boate finalmente esvazia, as luzes vão se apagando uma a uma, deixando o ambiente mergulhado em uma penumbra suave. Felícia se despede com um abraço apertado, prometendo que amanhã será um novo dia.
Fecho a porta atrás dela e me viro para encontrar Leo parado no meio do salão, as mãos enterradas nos bolsos da calça, o rosto mergulhado nas sombras.
Ele parece exausto.
Não apenas fisicamente. É uma exaustão que vem de dentro, que pesa nos ombros, que escurece o brilho nos olhos. A exaustão de quem lutou uma guerra invisível e perdeu muito pelo caminho.
Me aproximo devagar, sentindo o coração apertar no peito.
Ele ergue os olhos quando me vê e, por um instante, o homem forte, o dono de tudo, desaparece. No lugar dele vejo o menino que talvez nunca tenha tido permissão para ser vulnerável. O menino que precisou ser perfeito, imbatível, digno de um sobrenome que hoje ele escolheu abandonar.
Toco seu rosto com as pontas dos dedos, acariciando a linha firme do seu maxilar tenso.
Leo fecha